sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Devemos doar todos os nossos bens para uma organização religiosa?





O texto bíblico de Mateus 19.16-17, junto com Atos 2.42-44 e 4.34-35, tem sido usado por muitos para fazer que a pessoa doe tudo o que possui à sua organização (grupo religioso) e passe a viver como pedinte pelas ruas dos grandes centros urbanos atrás de donativos, não para ela, mas para o próprio movimento.
Em Mateus aprendemos que aquele jovem era um homem de "posição" e, logo de início, vemos um problema fundamental. Enquanto Jesus usa o verbo "receber", o homem usa o verbo "fazer". O jovem tinha a impressão errada de que podia ganhar a salvação por meio do esforço pessoal. Afinal, ele estava acostumado a ter tudo o que queria por ser rico. E ainda jactanciava-se de cumprir a Lei. Mas Jesus coloca o dedo no problema dele. No fundo, aquele jovem era um transgressor da Lei. Um idólatra! Pois tinha feito do dinheiro o seu deus, tentando adorar a Deus e a "Mamom".
Não é errado possuir riquezas, desde que a pessoa não se deixe dominar por ela (1Tm 6.10). O texto, porém, não deve ser interpretado como sendo uma instrução normativa para os crentes venderem tudo e viver na pobreza, dependendo do governo e dos outros para sua subsistência. Ao agir dessa forma, estará incorrendo em grande pecado. Atos 2.44-45 não diz que eles vendiam suas residências. O que está implícito nesses versículos é a venda de terras e de outras propriedades excedentes. As medidas tomadas por aqueles crentes eram voluntárias. Estavam vivendo uma situação temporária para o progresso do evangelho e da Igreja primitiva. Novamente trata-se de uma passagem descritiva de profunda significância para nós, mas não uma norma a ser seguida.
Não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro que abre as eclusas e comportas da alma, através das quais correm encachoeiradas as destrutivas ondas da ambição que afoga os homens na destruição e na perdição. Lembremo-nos de que nada podemos levar deste mundo, com exceção do nosso caráter.
Prof. João Flávio Martinez

Qual o significado da quaresma?



Quaresma é o período de jejum e arrependimento tradicionalmente observado pelos católicos de forma ritualística, em preparação para a páscoa.
A duração do jejum da quaresma foi estabelecida no século IV, como de 40 dias. Durante este período, os participantes comem muito pouco, ou simplesmente deixam de comer algum tipo de comida ou deixam de praticar alguma ação habitual. A quarta-feira de cinzas e a quaresma iniciaram como uma forma dos cristãos lembrarem-se do arrependimento de seus pecados. A idéia até que era boa!
Contudo, através dos séculos, valores muito mais “sacramentais” foram se desenvolvendo. Muitos católicos entendem que, deixar de fazer algo na quaresma é uma maneira de ganhar a bênção de Deus. A Bíblia não ensina que tais atos alcancem qualquer mérito junto a Deus (Isaías 64.6). De fato, o Novo Testamento nos ensina que nossos atos de jejum e arrependimento devem ser praticados de forma que não atraiam atenções sobre nós: “E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, Para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente” (Mateus 6.16-18).
O jejum é algo bom quando feito sob a ótica bíblica. É bom e agradável a Deus quando abandonamos hábitos e práticas pecaminosas. Não há absolutamente nada errado em guardar um tempo no qual vamos nos concentrar apenas na morte e ressurreição de Jesus. Entretanto, estas “práticas” são coisas que devemos fazer todos os dias do ano, não apenas nos 40 dias entre a quarta-feira de cinzas e a páscoa.
A Igreja Católica equivoca-se ao ensinar que o cristão deve se consagrar somente na época da quaresma. Sem contar que a quaresma redundou na festa profana do Carnaval.