sábado, 29 de dezembro de 2007

FELIZ ANO NOVO



UM FELIZ ANO PARA TODOS OS QUE VIZITAM ESTE BLOG,MUITA SAÚDE E QUE JESUS ABENÇOE A TODOS,E CONVERTA E ILUMINE O PENSAMENTO DE MUITOS.

ABUSO ESPIRITUAL - Não Toqueis nos Meus Ungidos - Parte 2



Dá ouvidos, ó pastor de Israel, tu que conduzes a José como um rebanho; tu que estás entronizado acima dos querubins, mostra o teu esplendor - Salmos 80:1.
Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas - Salmos 105:15
Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim, se espalharam, por não haver pastor, e se tornaram pasto para todas as feras do campo. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo elevado outeiro; as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a terra, sem haver quem as procure ou quem as busque - Ezequiel 34:1 -6.
Vendo ele - Jesus - as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor - Mateus 9:36
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"Não Toqueis nos Meus Ungidos"
INTRODUÇÃO
A vasta maioria dos membros das assim chamadas "igrejas evangélicas" de todos os matizes - sejam protestantes, evangélicas propriamente ditas, pentecostais, carismáticas e da terceira onda - já tiveram a oportunidade, em um ou outro momento, de presenciar um pastor, presbítero, missionário, evangelista, apóstolo, profeta ou algo que o valha, subir ao púlpito de uma comunidade qualquer e mandar ver um sermão acerca de "não toqueis nos meus ungidos". Junto com o sermão, bastante impróprio, diga-se de passagem, vem um besteirol que beira realmente às raias do ridículo.
Estes sermões são todos motivados pelo conceito errado e realmente perverso de que aqueles que servem ao Senhor nas funções de pastor, presbítero, missionário, evangelista, apóstolo ou profeta etc, são realmente "servos especiais" que pertencem a uma categoria que é distinta de todos os outros crentes. Como "servos especiais", estas pessoas, pois existem homens e mulheres nesta categoria, imaginam que estão acima de qualquer tipo de crítica e que podem mandar e desmandar na Igreja do Senhor, porque, segundo eles mesmos, o Senhor lhes concedeu poder e autoridade "especiais". Por este motivo todo e qualquer criticismo, não importa a intenção, será confrontado vigorosamente através de vários mecanismos entre os quais se encontra o famigerado sermão acerca de "não toqueis nos meus ungidos".
Mas existem mesmos pessoas especiais para Deus? Existem mesmo pessoas que recebem um batismo com o Espírito Santo que é mais poderoso do que o batismo com o Espírito Santo que veio sobre todos os outros cristãos? Existe realmente uma unção que é maior, melhor, mais poderosa do que a unção com que o próprio Deus ungiu a todos os crentes no Senhor Jesus Cristo?
Outro dia o autor tomou conhecimento de que um falso mestre que atende pelo nome de Benny Hinn, declarou ter visitado os túmulos de duas mulheres fundadoras de igrejas cristãs do passado e que "coletou", para si mesmo, "a poderosa unção" que ainda se encontrava naqueles túmulos cheios de pessoas mortas. Não duvido que ele tenha realmente "coletado" alguma coisa, mas certamente o que ele coletou não tem nada a ver com o Espírito Santo de Deus. Este patético senhor e todos seus seguidores, e não são poucos, estão realmente fora de sintonia com o Deus da Bíblia e com a própria Bíblia como espero demonstrar neste artigo. Quando confrontado por tais práticas estranhas e realmente abusivas o senhor Benny Hinn reagiu com as seguintes palavras: "Se você falar mal de mim, ou contra a unção que está em mim e no meu ministério, seus filhos irão sofrer as conseqüências". Quão longe este tipo de atitude se encontra do verdadeiro ensino dos Evangelhos fica a critério do leitor decidir. Antes que qualquer leitor desavisado, resolva me escrever com argumentos do tipo "não devemos julgar", sugiro que leia outro artigo publicado também neste site cujo título é "O Cristão Pode Julgar?", onde tratamos deste assunto.
Mas como conseguimos chegar neste nível de desarranjo espiritual onde um homem que alega ser pregador da palavra de Deus age como um verdadeiro seguidor do espiritismo kardecista e procura recolher pretensas unções em cemitérios? Tudo isto acontece por um simples, mas poderoso fato, que pode ser assim representado: existem algumas pessoas que se arvoram ares de super-crentes ao mesmo tempo em que existem também, milhares de outras pessoas que estão dispostas a acreditar e seguir os super-crentes a qualquer custo, achando que com isto estão seguindo no caminho de Deus. O autor deseja dizer aqui com todas as letras, apenas que: NÃO EXISTEM SUPER-CRENTES. Tudo o mais será dito no restante deste artigo.
I. Os Abusadores
Abuso espiritual, pode parecer estranho, é um estado de coisas amplamente denunciado nas páginas das nossas Bíblias. No passado, durante os dias do Antigo Testamento, Deus levantou inúmeros profetas para denunciarem este tipo de perversidade. No Novo Testamento, o próprio Senhor Jesus tomou uma boa porção do Seu ministério para denunciar e confrontar aqueles que abusam espiritualmente de outras pessoas. Por estes motivos nós faremos muito bem em ouvir o que eles têm a dizer acerca dos desmandos e abusos que percebemos nos dias de hoje, da parte de homens e mulheres que são extremamente ágeis e rápidos em se proteger debaixo da couraça representada pela expressão "não toqueis nos meus ungidos".
A. O Profeta Ezequiel
A passagem de Ezequiel 34:1 - 6 é certamente a que melhor descreve, no Antigo Testamento, o assunto que é objeto deste artigo, a saber: Abuso Espiritual.
1 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
2 Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas?
3 Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas.
4 A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza.
5 Assim, se espalharam, por não haver pastor, e se tornaram pasto para todas as feras do campo.
6 As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo elevado outeiro; as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a terra, sem haver quem as procure ou quem as busque.
Nesta passagem nós encontramos a palavra do Senhor vindo até o profeta Ezequiel lhe ordenando que profetize contra "os pastores de Israel". Por esta expressão, como fica evidente pelo contexto, devemos entender que o profeta não está se referido literalmente a pastores de ovelhas, e sim a todos os líderes da nação de Israel. Ele dirige suas palavras aos magistrados e aos príncipes, aos levitas e aos sacerdotes i.e. a todos aqueles que tinha a responsabilidade de cuidar do povo de Deus. De zelar sobre o povo de Deus, de protegê-lo e de não explorá-lo.
Através do profeta Ezequiel é o próprio Deus quem tem algo a dizer a estes líderes. E Deus fala de uma posição privilegiada já que Ele mesmo é reconhecido como o pastor por excelência sobre seu povo - ver Salmos 80:1. E como pastor sobre Seu povo, Deus é louvado, de forma magistral por Davi no Salmo 23 que começa exatamente com as palavras "O SENHOR é o meu Pastor, nada me faltará"! Fala o Deus-pastor de Israel e diz: "Ai dos pastores de Israel"! E nesta expressão nós encontramos uma vibrante contradição entre como aqueles homens se viam e como o Deus-pastor os via. Como iremos perceber os problemas causados por pastores abusadores, existem desde os tempos mais antigos.
Pastores, como líderes, gostam de pensar de si mesmo como pessoas diferenciadas, acima das outras pessoas. Gostam de se ver como sendo "especiais", como super-crentes. Apesar de gostarem de se ver desta maneira, Deus não está nem por um segundo interessado em participar no jogo deles. Suas palavras são de condenação absoluta desde o começo: "Ai dos pastores de Israel". Aqueles homens achavam que as posições que ocupavam eram tão dignificadas que os tornavam, automaticamente, isentos e imunes a toda e qualquer forma de crítica. Não entendiam que as posições que ocupavam, bem como as funções que executavam, realmente, não os isentavam de ter que admitir seus erros, de ter que confessar seus pecados e de sofrer as graves conseqüências dos juízos de Deus, caso não se arrependessem. Esta palavra realmente dura da parte do Senhor é motivada pelo fato de que os pastores não são "donos" do rebanho de Deus e por este motivo não podem tratar o rebanho de Deus de qualquer maneira e muito menos de maneiras que sejam abusivas. Pastores, como diz o apóstolo Pedro, não passam de cooperadores submetidos ao Senhor Jesus que é chamado de Supremo pastor - ver 1 Pedro 5:4. O motivo porque o Senhor usa tão duras palavras foi expresso de forma perfeita pelo profeta Jeremias quando diz: "Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto! - diz o SENHOR - Jeremias 23:1. Porque somos ovelhas do pasto do Senhor, é que Ele se mostra tão aborrecido quando somos maltratados por aqueles que deveriam realmente cuidar de nós. Todos aqueles que são chamados, pelo SENHOR, para ajudar a cuidar das ovelhas do Seu pasto, vejam bem como procedem porque Deus não se agrada de tolos - ver Eclesiastes 5:4! Conforme podemos ver neste texto de Ezequiel, Deus irá sempre tratar com firmeza aqueles que não viverem à altura dos compromissos assumidos como pastores e servos a serviço do povo de Deus.
Ezequiel, falando em nome do Deus-Pastor de Israel, confronta os pastores dos seus dias de várias maneiras.
1. Em primeiro lugar existe a pergunta mais básica que precisa ser respondida e que é: por que existem pastores? A resposta nos vem através de uma pergunta feita pelo profeta: Não apascentarão os pastores as ovelhas? Pastores existem, primariamente, para apascentar as ovelhas. Para cuidar das ovelhas. E devem executar estas funções sem condenar e sem brutalizar as ovelhas. Usando uma linguagem bastante direta, o profeta acusa os pastores de estarem cuidando de si mesmos em vez de estarem cuidando das ovelhas: "Ai dos pastores que se apascentam a si mesmos!". Como se não fosse terrível o bastante ignorarem as necessidades das ovelhas por estarem por demais ocupados consigo mesmos, estes pastores ainda tratavam as ovelhas com extrema brutalidade, pois o profeta diz: "Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas" e "dominais sobre elas com rigor e dureza". O interesse daqueles pastores estava muito mais nos benefícios materiais que poderiam receber das ovelhas - carne, gordura, lã - do que nos benefícios espirituais que poderiam e deveriam repartir no cuidado do rebanho. Para Ezequiel, o interesse daqueles pastores não estava centrado no chamado de Deus e no pastoreio e sim no poder e no controle que exerciam sobre as ovelhas.
2. Em segundo lugar existe a triste constatação de que os pastores estavam negligenciando por completo suas responsabilidades, mesmo as mais básicas. O profeta diz: "A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes". Mas que situação tão terrível! Por que estes homens agiam assim desta maneira? Além da absoluta falta de interesse verdadeiro pelas ovelhas, eles agiam desta maneira em parte por ignorância e em parte por preguiça. O despreparo dos pastores é notório e a preguiça de muitos deles também. Deixa o rebanho pra lá, dizem. O rebanho só me interessa pelo que posso conseguir dele, o resto é realmente irrelevante. Pensam e agem assim porque sabem que o povo os tem em alta estima e ninguém vai realmente querer peitar o "ungido do Senhor".
3. O resultado direto deste descaso e ignorância não demora a ser sentido. Ovelhas sem cuidados pastorais e maltratadas tendem a se espalhar, por não haver pastor, e acabam por tornar-se pasto para todas as feras do campo. Este é o triste fim de todas as situações de abuso espiritual que encontramos, mesmo nos dias de hoje: ovelhas dispersas, abandonadas e sendo devoradas por todos os tipos de "feras". O profeta constata, em nome do Deus-Pastor de Israel, esta triste realidade ao dizer: "As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo elevado outeiro". Ovelhas abusadas só conseguem resistir até certo ponto. Algumas chegam mesmo a morrer dentro do próprio redil - a comunidade local que chamamos de igreja. Outras, não agüentando mais os abusos, preferem abandonar o redil. E os pastores demonstram algum tipo de preocupação? As palavras de Ezequiel estão repletas de desconsolo neste quesito: "as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a terra, sem haver quem as procure ou quem as busque". A triste conclusão a que chegamos ao analisar este texto é a mesma de muitos irmãos que têm nos procurado para nos dizer: melhor ficar sem pastor, do que sob os cuidados, ou melhor, a falta de cuidados, deste tipo de pastores denunciados pelo profeta.
Não podemos ignorar que os pastores abusadores, não desistem de seus atos de abuso, mesmo quando as ovelhas saem dos seus redis. Estes abusadores perseguem as ovelhas, visando trazê-las de volta à situação terrível da qual haviam escapado. Quando encontram resistência por parte da ovelha que saiu, a atitude dos abusadores é, como o leitor já sabe, mais abuso. Falsas acusações de insubordinação, de insubmissão e falta de consagração a Deus são apenas o começo. Visando intimidar a "ovelha desgarrada", pastores abusadores partem para os mais baixos tipos de manipulação que incluem: dizer que a "ovelha desgarrada" nunca foi verdadeiramente crente, ou pior, dizer que a "ovelha desgarrada" vai direto para o inferno. Depois, com a cara lavada, estes abusadores sentem-se livres para afirmar que suas igrejas são igrejas que "cuidam realmente" das pessoas e ninguém poderá dizer que não tentaram trazer a ovelha desgarrada de volta.
Mas é interessante notar, que nestes encontros, que visam à reconciliação, não existe, por parte dos abusadores, nem uma palavra de admissão de erros cometidos. Como são os "ungidos do Senhor" estão muito acima até mesmo da possibilidade de cometerem o menor pecado. Afinal eles ensinam, que pastores, não cometem erros nem pecados e não precisam nunca pedir perdão. E quando apertados, costumam sacar, sem a menor cerimônia, seu texto favorito que diz: Não toqueis nos meus ungidos! São realmente patéticos nestas horas.
A verdade que muitas vezes resistimos em reconhecer, e pessoas abusadas sentem esta dificuldade de uma maneira muito mais aguda, é que existem muitos homens, mas muitos mesmos, que se intitulam pastores, são até mesmo ordenados, mas que na realidade não são pastores de verdade. Não possuem chamado, não se submetem ao Senhorio de Jesus e não se dispõe ser aquilo que devem ser: servos, a serviço do povo de Deus. Muitos hoje estão no ministério apenas por interesses financeiros e comerciais. Como "ser pastor" se tornou em apenas mais uma profissão, o pastor-abusador fará de tudo que estiver ao seu alcance para não perder sua "boquinha".
B. O Senhor Jesus e os Falsos Pastores
Nos dias em que andou por este mundo, o Senhor Jesus foi um ferrenho adversário dos falsos pastores. Jesus se opôs abertamente contra todos aqueles que, chamando-se pastores, se ocupam realmente somente consigo mesmos e abandonam o rebanho completamente. A situação do povo de Israel nos dias de Jesus não era nem um pouco diferente daquela que encontramos nos dias do profeta Ezequiel. O evangelista Mateus nos diz que: "Vendo ele - Jesus - as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor - Mateus 9:36".
O encontro frontal entre Jesus e os falsos pastores de Israel dos seus dias, será discutido na parte 3 desta série.
II. "Não Toqueis nos Meus Ungidos"
Conforme mencionamos anteriormente, pastores abusadores gostam de pensar acerca de si mesmos, como sendo super-crentes. Gostam de pensar acerca de si mesmos como pertencendo a uma casta realmente separada e distinta de todos os outros irmãos. Dentro desta visão costumam, por um lado, torcer textos bíblicos para beneficiá-los e por outro lado inventam uma série de normas que são colocadas em prática tão logo são questionados ou se sentem ameaçados. É importante que deixemos bem claro que na grande maioria das vezes, este sentimento de que estão sendo ameaçados, é completamente irracional. Vamos primeiro ver os textos favoritos dos pastores abusadores quando o assunto é a auto-defesa deles, e em seguida, veremos algumas das normas mais comuns implementadas em suas defesas. Não podemos nunca nos esquecer que todos os recursos utilizados pelos pastores abusadores visam não deixar nenhuma dúvida na cabeça de nenhuma pessoa acerca de quem realmente manda!
A. Os Textos Bíblicos Favoritos dos Pastores Abusadores
Os pastores abusadores gostam de se ver como pertencentes a uma classe toda especial de pessoas. Uma das maneiras favoritas de se descreverem é atribuir a si mesmos o pomposo título de "ungido do Senhor". Com isto querem dizer que são objetos de uma unção toda especial da parte de Deus. Esta "unção" possui verdadeiro poder mágico de transformá-los em super-crentes. Como tais, estão imunes de cometer os mesmos erros que todos nós estamos sujeitos a cometer. Como não cometem erros, não têm nada acerca do que devem pedir perdão. Como não cometem erros nem pecados, são também inatacáveis e não podem sofrer nenhum tipo de crítica ou censura. Qualquer pessoa que ouse criticá-los ou condená-los por práticas abusivas será severamente tratada.
Mas vamos considerar, por breves instantes, o mito de que a expressão "não toqueis nos meus ungidos" diz respeito aos pastores abusadores. Mitos nada mais são do que palavras que assumiram um significado diferente daquele que lhe foi atribuído pelo autor original. O mesmo é verdade com o mito criado em torno da expressão "não toqueis nos meus ungidos", como podemos perceber pela evidência a seguir.
1. A expressão "ungido do Senhor" é bíblica e ocorre exatas oito vezes no texto hebraico do Antigo Testamento. Seis destas oito menções fazem referência ao rei Saul. Uma faz referência ao Rei Davi e uma diz respeito ao Ungido do Senhor como aguardado pelo profeta Jeremias. As menções aos reis Saul e Davi, deixam bem claro que os ungidos do Senhor não eram homens imunes nem a erros, nem a críticas e muito menos à disciplina por parte do Senhor. Ver a lista completa de versículos que trazem a expressão "ungido do Senhor" no final deste artigo.
2. A expressão "teu ungido" é também bíblica e ocorre seis vezes no texto hebraico do Antigo Testamento. Destas seis, uma diz respeito ao rei Davi e todas as outras ao Ungido como esperado pelo povo de Israel. Novamente a referência ao rei Davi é um claro indicativo que o "ungido do Senhor" era alguém passível de cometer erros, de sofrer críticas e, no caso específico de Davi, de sofrer graves conseqüências por pecados cometidos. Ver a lista completa de versículos que trazem a expressão "teu ungido" no final deste artigo.
3. A expressão "meu ungido", da mesma forma que as duas anteriores, é bíblica e ocorre duas vezes no texto hebraico do antigo testamento. As duas referências dizem respeito ao Messias ou Ungido como esperado pelo povo de Israel. Ver a lista completa de versículos que trazem a expressão "meu ungido" no final deste artigo.
4. Por sua vez, a expressão "seu ungido", ocorre onze vezes no texto hebraico do Antigo Testamento e uma única vez no texto grego do Novo Testamento. Estas onze referências estão assim distribuídas:
" 5 vezes fazem referência ao Ungido como o esperado Messias de Israel.
" 3 vezes fazem menção a Saul.
" 1 vez diz respeito à Eliabe, irmão de Davi.
" 2 vezes a citação é referente ao rei Davi.
" 1 vez ao imperador dos Medos, Ciro.
Desta maneira fica fácil notar que quando não se refere ao Ungido que representa o Senhor Jesus, os textos falam de homens que foram tão pecadores como qualquer um de nós. A unção para ser rei sobre o povo de Israel, conferida a Saul e a Davi, não era nenhuma garantia de que aqueles homens estavam imunes do poder do pecado, ou que não poderiam ser criticados e que estariam completamente isentos da disciplina de Deus. Ver a lista completa de versículos que trazem a expressão "seu ungido" no final deste artigo.
5. Por fim restam as duas referências que trazem de forma explícita a expressão "não toqueis nos meus ungidos". Estas referências são:
1 Crônicas 16:22 dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.
Salmos 105:15 dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.
Antes de analisarmos estes versículos é necessário dizer que os mesmos são idênticos e isto por um bom motivo. O verso de 1 Crônicas é parte de uma compilação de Salmos que se estende do verso 7 até o verso 36 do capítulo 16 de 1 Crônicas. Esta compilação contém partes dos salmos 96, 105 e 106.
Conforme dissemos, os dois versículos são idênticos, portanto, a interpretação de um servirá como interpretação para o outro também. A questão mais importante para nós, neste momento, é definir acerca de quem o salmista está falando? Quem são os ungidos do Senhor? O contexto deixa isto bem claro, e por ele nós podemos ter certeza absoluta quem são as pessoas a quem o Senhor se refere como sendo os "ungidos do Senhor" e de "meus profetas". Salmos 105:8 - 15 diz o seguinte:
8 Lembra-se perpetuamente da sua aliança, da palavra que empenhou para mil gerações;
9 a aliança que fez com Abraão e do juramento que fez a Isaque;
10 o qual confirmou a Jacó por decreto e a Israel por aliança perpétua,
11 dizendo: Dar-te-ei a terra de Canaã como quinhão da vossa herança.
12 Então, eram eles em pequeno número, pouquíssimos e forasteiros nela;
13 andavam de nação em nação, de um reino para outro reino.
14 A ninguém permitiu que os oprimisse; antes, por amor deles, repreendeu a reis,
15 dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.
O texto é absolutamente cristalino. Aqueles que são chamados de "ungidos do Senhor" e de "meus profetas" são os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó. São os Israelitas. Todos e cada um deles. Ninguém que pertença verdadeiramente ao povo de Israel é deixado de fora.
Portanto, como dissemos, o mito de que os pastores constituem-se em os "ungidos do Senhor", como uma casta distinta e superior a todos os crentes, não passa realmente de uma invencionice perversa cujo único propósito é munir homens perversos com mecanismos que os possibilitem abusar de suas ovelhas. Precisamos retornar, de maneira urgente, ao padrão bíblico do pastor-servo à imitação do próprio Senhor Jesus.
B. O Ensino do Novo Testamento Acerca de Termos Sido Ungidos por Deus
O Novo Testamento ensina exatamente a mesma coisa que é ensinada no Antigo Testamento. Todos os que pertencem ao Povo de Deus foram ungidos pelo próprio Deus. Todos os crentes verdadeiros, sem exceção recebem uma e rigorosamente a mesma unção. Não existem cristãos mais ungidos que outros cristãos. E, definitivamente, não existem "ministérios ungidos" e muito menos esta figura preconizada por falsos mestres, como Benny Hinn, de que é possível possuir "uma unção" específica, distinta da única unção disponível a todos os cristãos.
O texto de 2 Coríntios 1:21 - 22 diz: "Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus, que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração". Estes dois versos ensinam claramente que só existe uma unção e que todos os cristãos são participantes desta unção, pois o repartir da mesma é um ato do próprio Deus.
Quando Paulo diz que Deus nos ungiu, ele está dizendo que todos nós que somos genuinamente cristãos, fomos ungidos diretamente pelo próprio Deus. Nas tradições judaicas era costumeiro a unção de reis, profetas e sacerdotes quando do início do exercício das suas funções. Isto pode ser observado em Êxodos 28:41 e 40:15 com relação aos sacerdotes; em 1 Reis 9:16 e Isaías 61:1 com relação aos profetas e em 1 Samuel 10:1;15:1; 2 Samuel 2:4 e 1 Reis 1:34 com relação aos reis de Israel. A palavra "ungido" é também usada para se referir, de modo todo especial, ao Senhor Jesus que é chamado de: Ungido (português) = Cristo (grego) = Messias (hebraico). Jesus é o ungido por excelência de Deus já que Ele possui um triplo serviço como Rei, Profeta e Sacerdote. A expressão ungido também é usada para se referir a todos os crentes e indica que os mesmos são consagrados ou separados para o serviço de Deus pelo Espírito Santo. É por causa desta separação ou consagração, que somos chamados e considerados santos por Deus. O apóstolo João disse em 1 João 2:20: "E vós possuis unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento". A conseqüência desta unção na vida de todos os cristão pode ser vista em alguns versículos mais adiante, no mesmo texto, quando João diz:
"Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou. Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda. Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele. - 1 João 2:27 - 29".
Assim temos que existe somente uma unção, que todos os crentes receberam esta mesma unção e que Deus mesmo é aquele que nos unge. Não devemos, portanto, ter medo de desmascarar a qualquer um que pretenda ser possuidor de algum tipo especial de unção. Unção especial só existe uma: é aquela com Deus mesmo ungiu a todos os crentes, sem exceção! Qualquer outra invencionice não passa de pretensão e orgulho humano querendo aparecer.
C. Métodos e Normas que são Geralmente Utilizados por Pastores Abusadores
O autor deseja advertir novamente aos leitores de que o material a seguir contém informações que podem não ser agradáveis à grande maioria das pessoas.
Pastores que abusam dos seus rebanhos seguem, normalmente, uma série comum de métodos e normas, visando estabelecer seu poder, domínio e controle absoluto sobre o povo de Deus. Entres estes métodos e normas podemos destacar as seguintes como sendo as mais comuns:
1. Pastores abusadores são extremamente defensivos quanto aos seus feudos particulares e tendem a agir de uma forma que é sempre abusiva quando se trata de defender seus próprios interesses. Os interesses pessoais de pastores abusadores estão, sempre, acima de quaisquer outros interesses. Não existe nenhum tipo de consideração cristã que possa intervir quando o que está em jogo for o interesse pessoal de algum pastor abusador. Em poucas palavras podemos dizer que para defender seus interesses vale-tudo para pastores abusadores.
2. Uma das características mais marcantes deste vale-tudo mencionado no item 1 acima, é a tendência constante de usar e abusar de passagens bíblicas, dentre as quais a favorita é: "Não toqueis nos meus ungidos". Pastores abusadores aprendem, de forma bastante rápida, a manipular a Bíblia visando alcançar seus mais inconfessáveis propósitos.
3. Pastores abusadores, porque possuem uma visão distorcida de si mesmos, literalmente adoram serem exaltados e tratados com toda a honra, toda a deferência e toda a pompa e circunstância, que, em suas mentes doentias, imaginam o "ungido do Senhor" merece.
4. Pastores abusadores são todos aqueles que acham que os termos usados no Novo Testamento para descrevê-los, termos como pastores, presbíteros e bispos, são realmente títulos e indicadores de posição. Nas suas pequeninas cabeças imaginam que os "títulos" que possuem os habilitam a dominar, governar e até reinar sobre o povo de Deus. A estes homens falta um mínimo de inteligência para entenderem que os termos usados no Novo Testamento são meros descritores de função e não possuem nenhum tipo de conotação hierárquica ou de posição ou nível. Todos os crentes, sem exceção, estão "EM CRISTO". Esta é a posição de todos os crentes: estamos todos "em Cristo". Pastores estão "em Cristo", da mesma maneira que as ovelhas estão "em Cristo". Não existe nenhuma diferença posicional entre os crentes. O que existe são funções diferentes. E a função daqueles encarregados de cuidar do rebanho de Deus é descrita como a de alguém que cuida de ovelhas (pastor); como de alguém que possui maturidade espiritual para ensinar, admoestar e exortar (presbítero) e como alguém que possui a função de supervisionar o rebanho de Deus (bispo). Como pode ser facilmente percebido as três palavras, pastor, presbítero e bispo, são meras descritoras das funções que precisam ser executadas e não fazem nenhuma referência a algum tipo de hierarquia que deva existir na Igreja dos Ungidos do Senhor! Os termos que o Novo Testamento usa de pastor, presbítero e bispo não descrevem ofícios e sim as funções que precisam ser desempenhadas por aqueles chamados para cuidar do povo de Deus.
5. Pastores abusadores gostam de reprovar de forma pública e privada a todos que consideram desobedientes e insubmissos. Esta desobediência e insubmissão não têm nada a ver com a Bíblia ou com a sã doutrina e sim com a vontade pessoal do pastor abusador. As reprovações privadas tendem a ser bastante desagradáveis, pois os abusadores sabem que dificilmente alguém irá acreditar nas palavras de alguém que está rotulado de insubmisso ou desobediente. Esta situação permite aos pastores abusadores usar os termos que bem quiserem nestas conversas, fazer as alegações que bem entenderem por mais estapafúrdias que sejam, levantar graves acusações por mais levianas que sejam e tirar as conclusões que lhes forem as mais convenientes. É praticamente impossível sobreviver em um ambiente tão hostil. Mas há muitos que continuam tentando. Somente a eternidade irá revelar a verdadeira dramaticidade destas conversas perversas e funestas.
6. Intimamente associado à reprovação pública está o desprezo público ou o isolamento de certos membros. Pastores abusadores fazem questão de deixar bem claro quem são as pessoas que não estão lhes agradando, e por este motivo precisam ser tratadas da maneira mais fria possível. Irmãos fracos, ao verem o pastor colocar alguém "na geladeira", seguem o mesmo mau exemplo e também passam a tratar o ferido da mesma maneira. Esta é uma das situações mais insuportáveis dentro de uma comunhão que se intitula cristã. Quando um pastor que deveria realmente estar cuidando da ovelha ferida, vira o rosto e age como se a ovelha não existisse, está cometendo um dos atos mais cruéis que podem ser praticados.
7. Pastores abusadores adoram subir nos púlpitos e disparar contra aqueles que consideram seus desafetos. Este é sem dúvida um dos piores atos que um pastor pode praticar: usar o tempo que deveria ser gasto para edificar o povo de Deus para resolver diferenças pessoais, muitas vezes com uma pessoa somente. Pastores abusadores sabem que o púlpito é prerrogativa exclusiva deles ou de quem eles convidam, portanto, sentem-se à vontade para maltratar as pessoas a partir daquela posição vantajosa. Quando sobem ao púlpito para agredir a quem quer que seja, os pastores abusadores demonstram apenas que são grandes covardes e como tais são dignos de uma coisa somente: desprezo absoluto.
8. Se a igreja possuir algum tipo de boletim o mesmo será usado por pastores abusadores para destilar triplamente o mais perverso tipo de veneno do qual se tem notícia. Este tipo de veneno intoxica a todos nos igreja. Ninguém que saiba ler fica imune desta contaminação verdadeiramente maligna.
9. Ameaças de toda sorte são também parte do arsenal comum a todos os pastores abusadores. Ameaças que vão desde o simples afastamento de algum ministério, chegando até à excomunhão ou expulsão que é o termo favorito dos abusadores neste quesito. Da pretensa, mas real, posição de autoridade, o pastor abusador se sente perfeitamente confortável para atazanar a vida de suas ovelhas com todos os tipos de ameaças, com algumas chegando a beirar a imoralidade.
10. Pastores abusadores costumam ensinar suas ovelhas que toda insubordinação e desobediência é pecado grave e que este tipo de pecado é digno das mais severas e pesados formas de disciplina. Desta maneira, a igreja está plenamente doutrinada e quando algo acontece todo mundo concorda com a violência praticada. Este é realmente um ciclo vicioso muito difícil de romper.
11. Outra característica bastante marcante entre pastores abusadores é a adoção de dois pesos e duas medidas como norma para o dia-a-dia. Este tipo de prática é tão comum, tratar uma mesma situação de duas maneiras diferentes, que a vasta maioria dos crentes dos dias de hoje já não reage a este estado de coisas. Preferem pensar que as coisas são assim mesmo. Que não adianta lutar. Que é bobagem se indispor. O autor entende todos estes argumentos, mas não pode deixar de chamar de covardes a todos que observam este tipo de prática e não se manifestam pela justiça e pela verdade! A motivação para o uso de dois pesos e duas medidas está completamente dependente àquilo que for o interesse do pastor abusador. São seus interesses pessoais e não a justiça e a verdade que interessam.
12. Pastores abusivos gostam de ensinar suas ovelhas idéias que possam causar falsos sentimentos de culpa. Estes sentimentos, por sua vez, só podem ser aliviados mediante um curvar-se, quase imoral, diante da vontade do pastor ou, se a pessoa tiver condições, de polpudas contribuições. Os que não possuem dinheiro acabam por trabalhar como verdadeiros escravos para o pastor, sua esposa e filhos. Fazem de tudo: reforma e pintura de casas, cozinham, lavam, passam, cuidam do jardim, das crianças, fazem faxina, limpeza pesada, lavam carros, servem como motoristas e vai por aí afora. Pastores abusivos sabem que uma mente bem manipulada por falsa culpa é capaz de produzir muitas e muitas coisas.
13. Abusadores gostam de criar panelas e grupelhos de todos os tipos dentro das igrejas. A alguns eles estendem a mão e chamam estas pessoas de "amigos pessoais". Este tipo de "amizade" vai muito além daquilo que dispensam aos outros irmãos da igreja. O resultado disto é que aqueles que são atraídos para dentro deste círculo íntimo compartilham o "poder" com o "chefe" e isto os faz leais até à morte, mesmo diante das maiores imoralidades que se possa ter notícia. Outros são privilegiados com posições "honradas" e destaques especiais naqueles ministérios que são considerados os mais "nobres". Quanta hipocrisia é possível existir dentro de uma igreja é realmente difícil de se aferir. Mas os abusadores adoram tudo isto e se divertem enquanto seguem impunes. Mas o SENHOR vê tudo e certamente haverá um severo ajuste de contas na hora apropriada.
14. Uma das formas mais medonhas de abuso espiritual é aquilo que podemos chamar de esoterismo. Esta é a prática mediante a qual a verdadeira natureza dos ensinamentos, da agenda que está sendo seguida e das práticas que são adotadas é revelada somente para os mais "chegados" ou àqueles que progridem, de forma verdadeira, dentro do movimento a que pertencem. O autor tem tido a oportunidade de observar inúmeras denominações, algumas históricas inclusive, onde o verdadeiro propósito e agenda é sustentar e manter a boa vida da classe sacerdotal ou dominante. Milhares e milhares de "formiguinhas" trabalham como escravos e contribuem para que um pequeno grupo tenha tudo do bom e do melhor. No dia em que estes verdadeiros "escravos" do século XXI acordarem, e se derem conta de que não precisam dos "faraós", este será um verdadeiro dia de glória.
15. Amor condicional é outro método favorito dos pastores abusadores. Só recebem amor aqueles que se enquadram perfeitamente dentro da vontade absoluta do abusador. Todos os outros são tratados com desdém e desprezo visível até por quem está apenas visitando o trabalho.
16. Abusadores exigem que qualquer pessoa que queira progredir na hierarquia que comandam, precisa, acima de tudo, ser um excelente modelo quando o assunto é contribuição. Posições de liderança são rigorosamente reservadas a pessoas que podem contribuir mais financeiramente.
Diante desta lista, verdadeiramente abominável, chega a ser ridículo perguntarmos por que as igrejas vão mal e estão tão enfermas. A resposta não precisa ser buscada na existência de demônios territoriais, inimigos da cruz nem em "irmãos insubmissos". A resposta para muitos dos males que existem na igreja moderna passa pela qualidade da liderança existente. Passa pela triste constatação de que os abusadores não estão preocupados com o Povo de Deus e sim com seus próprios interesses. Se desejamos uma nova Reforma, a mesma precisa começar, necessariamente, pela remoção de líderes abusadores e sua substituição por verdadeiros líderes que sejam pastores-servos a serviço do Povo de Deus.
Conclusão:
Creio que chegou a hora de praticarmos uma verdadeira defenestração, espiritual é claro, arrancando as máscaras dos pretensos "ungidos do Senhor"; virando as costas e dando adeus aos "faraós modernos" e abandonando por completo aqueles que se especializaram em, abusar de todos nós. O autor não tem nenhuma dúvida que a vasta maioria dos problemas que enfrentamos na Igreja do século XXI, está diretamente relacionada às lideranças canhestras que se encastelaram nas posições de liderança das igrejas de todas as denominações, o que lhes permite manter, com mão de ferro, o absoluto controle sobre o Povo de Deus. Precisamos, urgentemente, pedir que Deus suscite uma nova geração de pastores que possuam genuínos corações de servos. Corações que estejam realmente no servir o povo de Deus e não em serem servidos. E, por favor, vamos aprender de uma vez por todas, que igrejas e ministérios multimilionários, não servem realmente aos propósitos de Deus de levar o evangelho a todas as pessoas deste mundo.
O Que Fazer?
O autor gostaria de agradecer a um leitor que me escreveu e sugeriu que eu procurasse oferecer algumas alternativas práticas às graves situações que costumo discutir em meus artigos. Então, atendendo à sugestão recebida, aqui vão algumas atitudes práticas para se livrar de situações de abuso espiritual.
Caso o leitor esteja vivendo uma situação como as descritas neste trabalho, o autor gostaria de sugerir alguns passos práticos para ajudá-lo a se livrar deste emaranhado de coisas:
1. Saiba que nada que será dito a seguir é fácil de ser colocado em prática devido a todos os mecanismos de dominação e controle que existem e que estão disponíveis aos pastores e igrejas abusadoras. Todavia, vale à pena tentar.
2. Em primeiro lugar você precisa entender como verdade bíblica, que não existem pastores que sejam "ungidos do Senhor" de uma forma especial. Precisa entender que você, a simples ovelha, recebeu de Deus mesmo, uma unção que é exatamente igual a que um pastor recebeu. Portanto não se sinta intimidado nem amedrontado diante das ameaças. Pastores são tão mortais quanto todos nós, mesmo que gostem de pensar de si mesmos mais do que convém - ver Romanos 12:3. Discordar de um pastor abusador pode não ser fácil, mas não trará as conseqüências anunciadas pelo abusador e seus seguidores.
3. Depois você precisa entender que não existe uma diferença de posição quando se compara a um pastor. A simples ovelha e o mais "exaltado" dos pastores estão exatamente na mesma posição: ambos estão "em Cristo". Não existe, portanto, nenhuma diferença na posição. Pastores não estão em posições mais elevadas ao passo que as ovelhas estão em posições mais inferiores. Isto não existe, é uma invenção de homens maldosos e aproveitadores. Todos os crentes estão em uma e mesma posição: estamos todos EM CRISTO. Ver Efésios 4:11 - 16.
4. Precisa entender também que a mesma consideração e respeito que você deve ao irmão-pastor é exatamente a mesma que você deve a todos os outros irmãos. Por outro lado, os pastores devem exatamente a mesma consideração e respeito a todos os irmãos, sem exceção. Ver a lista de mandamentos de reciprocidade no final deste artigo. Os mandamentos de reciprocidade precisam ser praticados por todos os crentes, sejam eles ovelhas, sejam pastores. Note a quantidade de vezes que o mandamento de amor recíproco é repetido. Lembre-se, abuso espiritual é fruto absoluto da falta do amor de Deus na vida do abusador! Mesmo falando em nome de Deus, pastores-abusadores não possuem o amor de Deus em seus corações.
5. Além disso, precisa compreender que não existe nenhuma possibilidade de diálogo com um pastor abusador. Eles estão irremediavelmente viciados pelo poder e pelo prazer que o abuso provoca em suas mentes. Não perca tempo tentando argumentar. Não adianta nada. Não vale à pena. Ouça as palavras do Senhor com relação aos abusadores dos seus dias: Deixai-os; são cegos, guias de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco - Mateus 15:14. No terceiro estudo desta série iremos analisar o confronto de Jesus com os abusadores de seus dias.
6. Não, você não irá para o inferno se decidir abandonar o redil de um pastor abusador. Ou mesmo se decidir abandonar uma igreja abusadora. Aliás, quero recomendar que você faça exatamente isto. Não é uma decisão fácil, mas para seu próprio bem, quanto antes você tomar esta decisão, melhor para você. Lembre-se, o Faraó não gostava dos judeus, mas precisava deles! O pastor abusador não gosta de você, mas ele precisa de você. Você não precisa de nenhum pastor abusador. De fato, sem você não existe pastor abusador. Vire as costas e deixe ele se virar.
7. Você precisa estar disposto a obedecer ao Senhor e a ignorar aqueles que, usando o nome do Senhor, desejam somente escravizá-lo. Lembre-se, em todos os lugares onde o Espírito do Senhor está existe verdadeira liberdade - ver 2 Coríntios 3:17. Qualquer outra situação não passa de engodo para manter as pessoas cativas.
8. Lembre-se também, que na grande maioria das vezes, pastores abusadores e seus seguidores, agem de maneira completamente irracional. Agem como verdadeiros pit-bulls, atacando sem nenhuma justificativa plausível. Uma das maneiras mais comuns deste tipo de irracionalidade é tratar as pessoas como se elas não existissem. Ai! Como dói um irmão de muitos anos, de repente, virar o rosto e fingir que você não existe! Isto é o que eu chamo de atitude irracional. Bem, deixe-me dizer isto bem alto: NÓS NÃO TEMOS NENHUMA OBRIGAÇÃO DE NOS RELACIONAR COM PESSOAS IRRACIONAIS! Portanto, não se acanhe, tome uma decisão definitiva, de banir de sua vida, de uma vez por todas, estas pessoas que te tratam desta maneira.
9. Não adianta insistir. Falar, argumentar e até mesmo implorar não surte nenhum efeito em pessoas irracionais. Tentar convencê-los com argumentos lógicos irá apenas levar você à exaustão. Lidar com pessoas que agem desta maneira é estar em uma situação onde se é impossível vencer. Então, se você não pode vencer, pra que perder tempo batalhando?
10. Faça tudo que estiver ao teu alcance para evitar se vir aprisionado em situações em que você não tem à mínima chance de vencer. Fuja destas situações.
11. Procure alguma comunhão onde você possa ter suas feridas tratadas por um verdadeiro pastor-servo. Minha convicção é que Deus, em Sua misericórdia, ainda tem muitos homens deste calibre, espalhados por todos os lugares. Peça a orientação de Deus. Dependa da força que o Senhor mesmo pode suprir. Decida servir o Senhor livre de todos os impedimentos e tropeços que pastores abusadores insistem em colocar no caminho dos filhos de Deus.
Desde a publicação da primeira parte deste material, o autor tem recebido inúmeros e-mails com verdadeiras histórias de horror. Histórias de manipulações perversas, de distorções terríveis, de comportamentos inomináveis, de abusos espirituais abomináveis. É nossa firme convicção de que o Deus verdadeiro deseja conduzir suas ovelhas a pastos verdejantes, às águas de verdadeiro refrigério. Talvez estes artigos sejam usados por Deus para abrir os olhos de muitos, para que se libertem dos duros grilhões controlados por pastores e igrejas abusadoras.
O autor gostaria de pedir a todos os leitores que se unam a ele, em oração, ao Deus de toda misericórdia e Pai de todas as consolações, para que nos envie tempos de verdadeiro refrigério. Que o Senhor possa nos ajudar a reformar a igreja do século XXI, começando pela urgente, urgentíssima, reforma das nossas lideranças pastorais.
Apêndice A
Passagens Onde Ocorre a Expressão "Ungido do Senhor":
1 Samuel 24:6 e disse aos seus homens: O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do SENHOR. - SAUL.
1 Samuel 26:9 Davi, porém, respondeu a Abisai: Não o mates, pois quem haverá que estenda a mão contra o ungido do SENHOR - SAUL e fique inocente?
1 Samuel 26:16 Não é bom isso que fizeste; tão certo como vive o SENHOR, deveis morrer, vós que não guardastes a vosso senhor, o ungido do SENHOR - SAUL; vede, agora, onde está a lança do rei e a bilha da água, que tinha à sua cabeceira.
1 Samuel 26:23 Pague, porém, o SENHOR a cada um a sua justiça e a sua lealdade; pois o SENHOR te havia entregado, hoje, nas minhas mãos, porém eu não quis estendê-las contra o ungido do SENHOR - SAUL.
2 Samuel 1:14 Davi lhe disse: Como não temeste estender a mão para matares o ungido do SENHOR? - SAUL.
2 Samuel 1:16 Disse-lhe Davi: O teu sangue seja sobre a tua cabeça, porque a tua própria boca testificou contra ti, dizendo: Matei o ungido do SENHOR - SAUL.
2 Samuel 19:21 Então, respondeu Abisai, filho de Zeruia, e disse: Não morreria, pois, Simei por isto, havendo amaldiçoado ao ungido do SENHOR? - DAVI.
Lamentações 4:20 O fôlego da nossa vida, o ungido do SENHOR, foi preso nos forjes deles; dele dizíamos: debaixo da sua sombra, viveremos entre as nações.
Apêndice B
Passagens Onde Ocorre a Expressão "teu ungido":
Crônicas 6:42 Ah! SENHOR Deus, não repulses o teu ungido; lembra-te das misericórdias que usaste para com Davi, teu servo.
Salmos 84:9 Olha, ó Deus, escudo nosso, e contempla o rosto do teu ungido.
Salmos 89:38 Tu, porém, o repudiaste e o rejeitaste; e te indignaste com o teu ungido.
Salmos 89:51 com que, SENHOR, os teus inimigos têm vilipendiado, sim, vilipendiado os passos do teu ungido.
Salmos 132:10 Por amor de Davi, teu servo, não desprezes o rosto do teu ungido.
Habacuque 3:13 Tu sais para salvamento do teu povo, para salvar o teu ungido; feres o telhado da casa do perverso e lhe descobres
Apêndice C
Passagens Onde Ocorre a Expressão "meu ungido":
1 Samuel 2:35 Então, suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o que tenho no coração e na mente; edificar-lhe-ei uma casa estável, e andará ele diante do meu ungido para sempre.
Salmos 132:17 Ali, farei brotar a força de Davi; preparei uma lâmpada para o meu ungido.
Apêndice D
Passagens Onde Ocorre a Expressão "seu ungido":
1 Samuel 2:10 Os que contendem com o SENHOR são quebrantados; dos céus troveja contra eles. O SENHOR julga as extremidades da terra, dá força ao seu rei e exalta o poder do seu ungido.
1 Samuel 12:3 Eis-me aqui, testemunhai contra mim perante o SENHOR e perante o seu ungido: de quem tomei o boi? De quem tomei o jumento? A quem defraudei? A quem oprimi? E das mãos de quem aceitei suborno para encobrir com ele os meus olhos? E vo-lo restituirei.
1 Samuel 12:5 E ele lhes disse: O SENHOR é testemunha contra vós outros, e o seu ungido é, hoje, testemunha de que nada tendes achado nas minhas mãos. E o povo confirmou: Deus é testemunha.
1 Samuel 16:6 Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo: Certamente, está perante o SENHOR o seu ungido.
1 Samuel 26:11 O SENHOR me guarde de que eu estenda a mão contra o seu ungido; agora, porém, toma a lança que está à sua cabeceira e a bilha da água, e vamo-nos.
2 Samuel 22:51 É ele quem dá grandes vitórias ao seu rei e usa de benignidade para com o seu ungido, com Davi e sua posteridade, para sempre.
Salmos 2:2 Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo:
Salmos 18:50 É ele quem dá grandes vitórias ao seu rei e usa de benignidade para com o seu ungido, com Davi e sua posteridade, para sempre.
Salmos 20:6 Agora, sei que o SENHOR salva o seu ungido; ele lhe responderá do seu santo céu com a vitoriosa força de sua destra.
Salmos 28:8 O SENHOR é a força do seu povo, o refúgio salvador do seu ungido.
Isaías 45:1 Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações ante a sua face, e para descingir os lombos dos reis, e para abrir diante dele as portas, que não se fecharão.
Atos 4:26 Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido.
Apêndice E
Lista dos Mandamentos de Reciprocidade
Romanos 12:10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
Romanos 13:8 A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei.
Romanos 14:13 Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão.
Romanos 15:7 Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus.
Romanos 15:14 E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros.
Romanos 16:16 Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Todas as igrejas de Cristo vos saúdam.
1 Coríntios 16:20 Todos os irmãos vos saúdam. Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo.
2 Coríntios 13:12 Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo.
Gálatas 5:26 Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros.
Efésios 4:2 com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor.
Efésios 4:32 Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.
Efésios 5:21 sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.
Colossenses 3:9 Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos
Colossenses 3:13 Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;
1 Ts 4:9 No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros;
1 Ts 4:18 Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras.
1 Ts 5:11 Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo.
Hebreus 10:24 Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras.
Tiago 5:16 Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
1 Pedro 1:22 Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente.
1 Pedro 4:10 Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.
1 Pedro 5:14 Saudai-vos uns aos outros com ósculo de amor. Paz a todos vós que vos achais em Cristo.
1 João 3:11 Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros.
1 João 3:23 Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou.
1 João 4:7 Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
1 João 4:11 Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros.
1 João 4:12 Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado.
2 João 1:5 E agora, senhora, peço-te, não como se escrevesse mandamento novo, senão o que tivemos desde o princípio: que nos amemos uns aos outros.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

ABUSO ESPIRITUAL - O Problema dos Pastores Profissionais - Parte 1





Versículos chave:
Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo – Efésios 5:21.
Julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal – 1 Tessalonicenses 5:21-22.
Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede - João 6:35.
Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão – Gálatas 5:1.
Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor – Gálatas 5:13.
Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória – 1 Pedro 5:1-4.
INTRODUÇÃO
Os discípulos do Senhor Jesus, felizmente, eram como todos nós. Isto quer dizer que eram pecadores e falhos como todos nós somos. Nos dias do Antigo Testamento o Salmista se refere ao Deus de Jacó como uma maneira de nos consolar em meio às nossas fraquezas quando diz: "Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no SENHOR, seu Deus - Salmos 146:5". A expressão "Deus de Jacó" é uma referência clara ao fato de que Deus está acostumado a lidar com pessoas pecadoras e contraditórias como Jacó e como qualquer um de nós. Bendito seja Deus, o Senhor, que nos ama apesar de sermos o que somos. Mas como falamos no início, os próprios apóstolos do Senhor Jesus não eram diferentes de cada um de nós. Como tal estavam sujeitos às mesmas tentações e desvios de conduta que ameaçam a vida de qualquer um de nós. O registro dos Evangelhos está cheio de circunstância onde o Senhor precisou agir com firmeza para corrigir estas situações anômalas na vida dos Seus discípulos e apóstolos. Uma destas circunstâncias é aquela que trata do pedido de Tiago e João e da mãe deles, que havia decidido agir como se fosse uma verdadeira empresária dos próprios filhos. O pedido em questão, feito ao Senhor Jesus, era o seguinte:
Então, se chegou a ele a mulher de Zebedeu, com seus filhos, e, adorando-o, pediu-lhe um favor. Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Manda que, no teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita, e o outro à tua esquerda – Mateus 20:20 – 21.
O pedido de Tiago e João visava satisfazer a uma das necessidades mais básicas que existem em todos os seres humanos que é ter autoridade sobre outros que são seus iguais! Este é um sério problema dos seres humanos: o desejo de quererem ser "mais" iguais que os outros. É óbvio que os outros discípulos, sendo também humanos, não aplaudiram o pedido feito por Tiago e João. E por que não? Porque cada um dos outros dez discípulos desejava ocupar, ele mesmo, um daqueles lugares à direita e à esquerda do Senhor Jesus, no Seu reino glorioso. De fato o texto bíblico diz que os dez ficaram indignados com os dois irmãos – ver Mateus 20:24. O Senhor Jesus tratou com bastante firmeza aquela situação, procurando mostrar aos discípulos que as regras que deveriam existir entre eles eram diversas das regras que existiam entre as pessoas que não são discípulos de Jesus. Ele disse:
Ora, ouvindo isto os dez, indignaram-se contra os dois irmãos. Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos – Mateus 20:24 - 28.
O princípio que o Senhor Jesus quis ensinar era bastante necessário e urgente naquele momento. A saúde da futura Igreja Cristã iria depender, em parte, da obediência às palavras de Jesus acima mencionadas. Um dos aspectos do verdadeiro Cristianismo que mais encantam este autor é o fato de que nosso Deus e Senhor é sempre nosso exemplo naquilo que demanda de nós. Isto é verdade com relação ao ensino acerca de como se tornar realmente grande entre o povo de Deus. Quando o Senhor Jesus confrontou Seus discípulos, mostrando-lhes como a conduta deles precisava ser diferente do exemplo que viam na humanidade em geral, emendou dizendo que esta havia sido a atitude ou exemplo que estavam recebendo d’Ele. Em outras palavras, Jesus disse aos discípulos que eles pertenciam a uma comunidade de pessoas que eram rigorosamente iguais e que não deveria existir nenhum tipo de interesse dominador por parte de uns sobre os outros como estava implícito no pedido de Tiago e João. O serviço cristão praticado de uns para com os outros produz apenas o bem ao passo que o desejo de dominar sobre outros conduz irremediavelmente a partidarismos, contendas, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas bem como a abusos de toda sorte – ver Gálatas 5:20 - 21.
Cerca de dois mil anos se passaram desde que o Senhor Jesus ensinou estas verdades. Independente deste fato é com grande pesar que constatamos nos nossos dias, que ainda temos um longo caminho a percorrer quando o assunto é servir uns aos outros como um mandamento que deve valer indistintamente para todos aqueles sobre os quais o bom nome do Senhor foi invocado. Temos observado, com grande tristeza, inúmeros abusos que estão ocorrendo no seio da Cristandade[2] em geral bem como no seio do Cristianismo em particular. Estes abusos têm causado inúmeros males ao corpo de Cristo, que é Sua Igreja, além de destruir por completo inúmeras vidas. Muitos destes que foram abusados perderam a fé e alguns até se tornaram inimigos da fé cristã como conseqüência direta dos abusos que sofreram. É intenção do autor discutir tão delicado assunto visando contribuir para que de alguma maneira possamos seguir no caminho do serviço em vez do caminho do autoritarismo e do abuso espiritual. Nesta questão envolvendo abuso espiritual temos descoberto que não existem inocentes. Lideranças[3] e liderados[4] são igualmente responsáveis pelo descalabro que podemos observar e igualmente culpados pelos males praticados.
A. Liderança como Serviço e não como Senhorio
1. A Tênue Linha que Separa o Serviço do Senhorio
Conforme vimos o Senhor Jesus advertiu severamente seus discípulos contra o desejo de se tornarem senhores uns sobre os outros e podemos dizer, por extensão, de se tornarem senhores sobre o povo de Deus. Existe uma linha muito fina entre serviço e senhorio, entre discipulado e dominação. O que temos notado é que em muitos casos a linha se torna tão tênue que é mesmo impossível distinguir onde o primeiro terminou e o segundo começou. A grande maioria das lideranças com as quais convivemos, têm cruzado esta linha sem muita cerimônia e não escondem seu aborrecimento quando confrontadas pelos fatos. Em um próximo artigo falaremos do poderoso arsenal ao qual costumam recorrer para se defender. Não estamos querendo colocar todo mundo dentro de um mesmo saco e por este motivo é importante que mencionemos que existem líderes sensíveis a esta tênue linha e que procuram manter uma posição equilibrada com relação à mesma. Outros há que transgridem o limite, mas se arrependem e voltam ao bom senso representado pelo serviço cristão. Outros há, por fim, que não sabem funcionar se não estiverem completamente do outro lado da linha como senhores absolutos sobre o povo de Deus. Infelizmente, nos nossos dias, este último tipo tem sido bem mais freqüente do que gostaríamos de ver.
2. A Questão Representada pela Existência dos "Servos" Profissionais
Outra questão importante para a nossa discussão é a profissionalização da liderança, especialmente, da liderança pastoral. Todos os pastores, sejam de tempo integral sejam de tempo parcial, sabem que seu sustento e o de suas famílias dependem diretamente das comunidades locais que estão pastoreando. E esta não é uma questão periférica. Muito pelo contrário é uma questão central. Muitos pastores cruzam a linha mencionada no item anterior motivados e movidos por recompensas financeiras e ambição pessoal. Assim continua verdadeiro o princípio mencionado pelo apóstolo Paulo de que "o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores – 1 Timóteo 6:10. Nos últimos anos temos podido notar um número cada vez maior de "servos" profissionais que têm usado o povo de Deus para construir seus pequenos impérios que incluem, entre outras coisas, residências em diversas cidade e países, automóveis, móveis e roupas de luxo, canais de televisão e estações de rádio etc. Estes verdadeiros "senhores"quando confrontados com a dura realidade representada pela Palavra de Deus, muito dificilmente se arrependem, preferindo lançar mão de um poderoso arsenal, que na realidade não passa de um grande besteirol, para justificar seus desmandos.
3. Tanto faz mentor ou tutor, o exemplo vem sempre de cima
Esta parece ser uma das mais inflexíveis leis na História da Humanidade. O exemplo vem sempre de cima, ou seja, o exemplo estabelecido pela liderança será sempre imitado e servirá de inspiração e motivação para quem está mais em baixo. Se o exemplo for ruim então as conseqüências serão verdadeiramente devastadoras. Nos dias de hoje é bastante comum pastores se espelharem nos métodos e na forma de agir daqueles que podem ser percebidos como sendo bem sucedidos. Por sucesso, neste contexto, não estamos nos referindo à fidelidade à palavra de Deus como proposto pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios 4:2 e sim ao sucesso como percebido pelo mundo e que pode ser medido em números. Fidelidade, como bem sabemos, não é mensurável em números. É necessário que tanto quem lidera quanto quem é liderado seja fiel à revelação Bíblica. Este fato, por si só, seria um poderoso antídoto contra todo o veneno que tem sido disseminado no corpo de Cristo, no que diz respeito aos maus exemplos que estão sendo estabelecidos e seguidos. O ensino das escrituras é claro quanto à responsabilidade de todos os crentes de "julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de forma de mal – 1 Tessalonicenses 5:21 – 22".
4. Nobreza ou rebelião?
O médico Lucas que nos legou o Evangelho que leva seu nome também nos deixou um segundo tratado. Estamos falando do Livro dos Atos dos Apóstolos. Neste livro, no capítulo 17, Lucas descreve, entre outras coisas, a visita que Paulo, Silas e o próprio Lucas fizeram às cidades de Tessalônica e Beréia. De acordo com o texto Bíblico a atitude dos bereanos causou profunda impressão nos visitantes. Nas próprias palavras de Lucas os "de Beréia, eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim – Atos 17:11".
Nos dias de hoje qualquer um que tente imitar o bom exemplo que nos foi deixado pelos bereanos será rigorosamente tachado de "rebelde". A atitude inquisitiva que procura confirmar se certas práticas são mesmo bíblicas é definida como rebelião com o acusado sujeito a sofrer grandes abusos por parte da liderança questionada. Este tipo de abuso ocorre em duas frentes. A primeira é quando o líder usa as escrituras de forma abusiva para ensinar ou justificar práticas que não se sustentam diante de uma análise mais apropriada. Neste caso não importa o que a Bíblia ensina e sim a interpretação particular que foi fornecida pelo líder A segunda ocorre quando o líder ignora por completo a Bíblia e parte para ensinar algo que nem de longe poderia ser justificado pelo ensino das Escrituras. A falta de discernimento e de uma atitude mais positiva, à moda bereana, por parte dos liderados é o elemento singular que mais contribui para que este tipo de abuso espiritual ocorra no seio da Igreja Cristã.
5. O que se exige e o que se permite
Outro problema que existe no contexto das relações entre liderança e liderados diz respeito às exigências que pesam sobre a liderança, exigências estas feitas pelo Senhor da Igreja e pela Sua palavra e aquilo que lhes é permitido pelas comunidades às quais ministram. Aquilo que os líderes deveriam estar fazendo e ensinando de acordo com as Escrituras e aquilo que eles estão fazendo na prática normalmente não se encaixam. O grande dilema enfrentado pelos pastores é a enorme inconsistência que enfrentam entre o que Deus demanda e o que as comunidades estão dispostas a tolerar. Como os líderes são normalmente eleitos e sustentados pelas comunidades nas quais atuam este dilema torna-se o mais agudo.
Conclusão
O surgimento de "servos" profissionais produziu no seio da cristandade uma série de fatores que têm feito com que muitos líderes, alguns até bem-intencionados, cruzem a tênue linha que existe entre um ministério legítimo de um completamente ilegítimo. Estes "servos", em vez de servir, acabam por substituir o verdadeiro discipulado por uma dominação que nada tem de cristã. Em vez de liderar pelo exemplo se tornam "senhores" sobre o rebanho de Deus que, diga-se de passagem, não lhes pertence.
B. Redefinindo certos Termos
Uma das características mais marcantes dos líderes que praticam o abuso espiritual é a insistência em redefinir certos termos. Palavras acerca das quais estávamos absolutamente certos de conhecermos o significado, de forma precisa, são manipuladas a um nível que as tornam irreconhecíveis. A manipulação é tão extensa e profissional que chegamos a duvidar se alguma vez entendemos, realmente, o significado de certas palavras.
1. Autoridade
Não existe no seio da cristandade nenhuma outra palavra que seja mais abusada pelos abusadores espirituais do que a palavra autoridade. O ensino bíblico é bastante claro nas afirmativas que faz de que autoridade significa poder exercido de maneira apropriada – ver Mateus 9:6; João 1:12; João 10:18 e 17:2 etc. Por este motivo, todo exercício de poder de maneira imprópria, não é exercício de autoridade e sim de abuso espiritual. Como esta questão é bastante sutil é mais fácil indicar situações onde existe abuso espiritual, ou seja, onde o poder é exercido de maneira não apropriada, do que discutirmos as questões genuinamente semânticas relacionadas a este termo. Líderes acostumados a abusar espiritualmente das pessoas confiadas à sua guarda poderão manifestar as seguintes características:
§ Estender a autoridade da liderança a áreas da vida que ultrapassam os limites representados por questões morais e de valores apresentados na Bíblia. Um exemplo clássico é quando a liderança quer determinar com quem uma pessoa pode namorar e até casar. Outro aspecto tem a ver com interferências acerca de que profissão seguir e etc.
§ Impor sanções quando não houver submissão ao item anterior.
§ Promover um sentimento de culpa generalizado quando não existir conformação automática aos desejos manifestos da liderança.
§ Rotular as pessoas que resistem serem manipuladas de: insubmissos, orgulhosos, corações endurecidos etc.
§ Agir como se fosse o próprio Deus na vida das pessoas.
§ Manipular e torcer a palavra de Deus para conformá-la aos desejos da liderança.
§ Confrontar de maneira permanente o pecado na vida de todas as pessoas. Quanta hipocrisia pode existir nesta prática é simplesmente impossível de dizer.
§ Ensinar que as pessoas devem ser julgadas pelas opiniões que possuem acerca da liderança.
§ Ensinar que não existe verdadeiro discipulado fora do redil em que a pessoa se encontra.
§ Ensinar que Jesus não é mais todo suficiente – ver João 6:35 - e que é necessário seguir as muitas invencionices, nenhuma delas bíblicas diga-se de passagem, que impõe sobre as pessoas.
§ Ensinar que inúmeras coisas são pecaminosas quando a própria Bíblia nada diz diretamente acerca destes mesmos assuntos.
§ Ensinar que ser um verdadeiro seguidor de Jesus significa colocar a vontade de outro, normalmente a vontade do próprio líder, acima da própria vontade.
§ Transmitir a sensação de que a pessoa está realmente afundando na fé quando ela começa a considerar abandonar o redil em que se encontra.
§ Fazer com que pessoas rejeitem promoções no serviço, mudança de cidades ou novas oportunidades apenas para se manterem onde estão em completa submissão à liderança.
§ Torcer de maneira perversa o uso de palavras como obediência e submissão.
Se o leitor se encontra em um ambiente onde qualquer uma destas características está presente, é necessário tomar muito cuidado, pois o perigo de estar sendo abusado espiritualmente é bastante real.
2. Independente
Um teste simples talvez seja a melhor maneira de entendermos como esta palavra tem sido redefinida. Faça o seguinte: escreva no centro de uma folha de papel a palavra "independente". Depois, escreva outras palavras que lhe vêm à mente e que estejam relacionadas com independente. Terminada esta fase, analise francamente se a palavra "independente" bem como as outras palavras anotadas descrevem alguém de forma positiva ou negativa. Quais são as características de uma pessoa realmente independente. Agora, procure ver o termo independente à luz de Gálatas 5:1 e 13. Ser independente significa que temos a liberdade de vivermos não como queremos e sim como devemos. Mas este modo de vida é muito imprevisível para os dominadores. Eles preferem estabelecer regras fixas e rígidas para seus seguidores. Nenhuma independência ou liberdade como ensinada da Bíblia serão toleradas. Na Bíblia, independência e pecaminosidade não mantêm nenhuma relação direta. Paulo era bastante independente por um lado e completamente dependente de Deus por outro.
3. Obediência e submissão
Estas palavras são verdadeiras "pedras-de-toque" no jargão dos abusadores. Obediência cega e submissão inquestionável à liderança são as maiores características dos discípulos na opinião da liderança religiosa abusadora. Amor, fé e esperança são secundários, apesar da Bíblia nos ensinar exatamente o contrário!
C. Autocracia na Igreja
O termo autocracia não é usado nesta divisão de forma equivocada como alguns poderão pensar. Infelizmente nossa experiência nos tem mostrado que existem muitos líderes autocráticos nas igrejas cristãs, independente da denominação. A expressão "autocracia" é definida pelo dicionário Aurélio Século XXI como: "Governo de um príncipe, com poderes ilimitados e absolutos". É realmente uma pena que no meio cristão existam tantos líderes "governando" a igreja desta maneira. Para a grande maioria deste tipo de líderes os irmãos e as irmãs são completamente insignificantes. Bem, como toda regra tem sua exceção, os irmãos e irmãs são importantes somente em um único momento: na hora de contribuir. De acordo com um velho amigo, a maioria das igrejas modernas concedem aos seus membros estes dois direitos inalienáveis:
1. Pagar as contas. Todas as contas, inclusive os salários daqueles que são abusadores.
2. Calar a boca. Ou ficar de boca fechada mesmo diante dos maiores descalabros imagináveis.
O governo autocrático ocorre todas as vezes que um determinado grupo, que pode ser chamado de diretoria, conselho, presbitério etc, passa a controlar, com mão de ferro os meios de disciplina. Este controle, diga-se de passagem, é exercido de modo cabal. Nenhum tipo de "má conduta" pode ser nem será tolerado de fato. Toda e qualquer resistência será sumariamente fulminada. A Bíblia e o bom senso cristão submetido ao Espírito Santo são ignorados por completo. O que vale são os interesses do grupo no poder. Qualquer ameaça, seja real ou apenas imaginária é confrontada com toda a força possível, de tal maneira que não reste a menor dúvida acerca de "quem manda". A sensação de impunidade destes indivíduos beira realmente ao absurdo. São verdadeiros "sacripantas"[5]. Mas, como é que tanta barbaridade tem sido cometida no seio de igrejas cristãs? Como é possível que estas formas abusivas de pensamentos e ações permaneçam e sejam justificadas? A resposta a estas perguntas não é realmente muito complexa. O poder é criado e mantido através de um artifício muito simples. Este artifício constitui em sacralizar - atribuir caráter de sagrado - a certas formas de pensamento e de comportamento que privilegiam a classe dominante como se ela fosse melhor ou mais próxima de Deus do que o resto dos cristãos. Levantar-se contra a casta dominante torna-se sinônimo de levantar-se contra o próprio Deus. E isto, meu caro leitor, não pode ser tolerado em nenhuma hipótese. Estes privilégios são, por sua vez, preservados e garantidos mediante o estabelecimento e o controle de mecanismos institucionais que agem e reagem de forma absolutamente "sem misericórdia e sem perdão", contra toda e qualquer forma de pensamento ou comportamento que não se conforma com o que a autocracia espera ou deseja.
1. A autocracia é real e suas ações são devastadoras para dizer o mínimo.
2. Não existe solução alternativa para os abusados que não seja a de sair da instituição e expressar o profundo desprezo que sentem por estes senhores de quinta categoria.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

COMO FORAM MORTOS ALGUNS APÓSTOLOS E DISCÍPULOS DE JESUS



Livro - Temas e Curiosidades da Bíblia - IFC
André: Foi crucificado em Ática, na Ásia Menor, numa cruz em forma de "X" que passou a ser chamada "Cruz de Santo André". Até exalar o último suspiro, continuou admoestando seus algozes.
Bartolomeu: Pregou na Arábia, estendendo sua pregação até a Índia. Alguns afirmam que ele foi amarrado num saco e lançado ao mar, enquanto outros asseguram que ele foi esfolado vivo.
Felipe: Alguns afirmam que terrivelmente apedrejado e outros afirmam que foi enforcado num pilar do templo, em Hierápolis.
João: Irmão de Tiago, morreu aos 100 anos de idade, sendo o único dos apóstolos que teve morte natural. Segundo a tradição, ele foi lançado pelos inimigos num tacho de azeite fervendo, de onde saiu ileso.
Lucas: Foi enforcado numa oliveira na Grécia.
Marcos: Foi arrastado pelas ruas de Alexandria, no Egito, até expirar.
Mateus: Foi ferido por uma estocada de lança ou espada nas costelas, na Etiópia.
Paulo: Apedrejado e decapitado na via Óstia, em Roma, por ordem de Nero.
Pedro: Morreu crucificado no ano 67 d.C., com a idade de 75 anos. A tradição conta que ele pediu que o crucificassem de cabeça para baixo, porque se considerava indigno de morrer como seu mestre, Jo 21:18,19.
Tiago, o grande: Filho de Zebedeu, foi o primeiro dos apóstolos a morrer por sua fé. Foi decapitado a espada por ordem do rio Herodes Agripa I, por volta do ano 44 de nossa era.
Tiago, o menor: Filho de Alfeu, foi jogado de um pináculo, ao se levantar, alguns afirmam que recebeu uma martelada no crânio, outros dizem que foi apedrejado até morrer.
Tomé: Transpassado por uma flechada no peito, por um sacerdote pagão em Malipur, na Índia.
Judas Tadeu: Irmão de Tiago, morreu cravado de flechas.
Matias: Foi primeiro apedrejado e a seguir decapitado.
Barnabé: Também foi apedrejado. Conta-se que os judeus de Salamina zombavam dele enquanto sucumbia.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

NATAL

Natal,data que comemoramos por tradição,mesmo sabendo que Cristo não nasceu nesta data,
pessoas fazem comemorações em empresas,residencias e etc.Devemos festejar o natal todo o dia
pois já acontece hoje o que Jesus nos falou em Mateus 24,que o amor de muitos esfriaria.Hoje,ninguem se preoculpa co o proximo,neste ano que se aproxima vamos olhar mais para o nosso proximo,não pelas igrejas mas por nos mesmos,pois hoje muitas igrejas tambem não se preoculpam com as pessoas mais com o DIZIMOS.Então deixo está pequena reflexão para todos ,e FELIZ NATAL.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Pensão Homossexual:

Parceiro de homossexual pode ter direito a pensão


A Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara aprovou nesta quarta um projeto que obriga o INSS a pagar pensão aos companheiros de segurados homossexuais.
Apresentada em 2005 pelo deputado Maurício Rands (PT-PE), a proposta prevê o pagamento de benefícios previdenciários nos casos em que for constatada a união estável de pessoas do mesmo sexo. O projeto ainda precisa passar por duas comissões até se votado em plenário.
A relatora do projeto, Manuela D´Ávila (PCdoB), lembrou em seu voto que o benefício já está previsto por uma instrução normativa publicada em outubro pelo INSS. Antes disso, a pensão para homossexuais já vinha sendo concedida em diversos estados por decisão da Justiça.
- Chegou o momento de atualizar as leis para reconhecer o direito das pessoas que vivem em união homossexual estável - afirmou Manuela.
O projeto de lei também estende o benefício previdenciário aos companheiros de funcionários civis da administração federal. Ao defender a aprovação do texto, a relatora disse que a lei está atrasada em relação à evolução da sociedade, que já aceita a união de pessoas do mesmo sexo.
Para opositores, projeto contraria Constituição
Os opositores da idéia alegam que a ampliação dos direitos de receber pensão contraria a Constituição, que faz referência à relação entre homem e mulher. Rands afirma que que as cláusulas pétreas da Carta não consideram a orientação sexual ao garantir a igualdade de direitos para todos.
"Não existe fundamento, à exceção do recurso ao preconceito filosófico, moral ou religioso, que justifique um integrante de um casal formado por pessoas de sexos opostos poder designar seu dependente o companheiro ou a companheira um partícipe de um casal do mesmo sexo, não", escreveu o autor do projeto.
Na Comissão de Trabalho, a proposta esbarrou na oposição do deputado Filipe Pereira (PSC-RJ), da bancada evangélica. Fiel da Assembléia de Deus, ele apresentou voto em separado contra o relatório de Manuela. Segundo o deputado, o projeto prevê uma "exceção desnecessária" nas leis que regem o regime de previdência social.
- Minhas convicções pessoais são contra a união civil de homossexuais, assim como as do meu eleitorado, que é evangélico - disse Pereira, que negou ter preconceito contra os gays.
O deputado completou:
- Não faço oposição aos homossexuais, e sim ao homossexualismo.
O deputado criticou Rands por tentar regulamentar uma tese que, segundo ele, já é aceita pelos tribunais.
- Na ânsia de aparecer, alguns deputados acabam apresentando projetos para se promover - atacou.
Fonte: Globo Online/ O Verbo

Paulo ,voltando de Roma

Frases que sairam em boletins de Igrejas.

Teria saido em boletins de Igrejas.
As frases a seguir foram retiradas de boletins dominicais das nossas Igrejas. Por razões óbvias, as mesmas não são citadas. Vamos nos deleitar, então, na leitura:
1) "No estudo desta noite nosso pastor trará a mensagem intitulada: 'o que é o inferno' venha cedo e assista o ensaio do coral."
2) "Teremos sorvetada na igreja próximo sábado; as irmãs que forem doar leite, cheguem mais cedo."
3) "Para aquelas irmãs que têm filhos e não sabem o berçário fica no segundo andar".
4) "Após a feijoada do próximo sábado teremos um período de meditação."
5) "Os adolescentes apresentarão no dia 1º uma peça de Shakespeare. Venha assistir esta tragédia."
6) "A irmã Laura agradece a todos os muitos irmãos que contribuíram para que finalmente ela engravidasse. Foi muito difícil, foi uma luta. Sem suas orações..."
7) "A irmã Zilda estará distribuindo Bíblias na favela na próxima terça. O diabo que se cuide."
8) "Precisamos orar intensamente pelo problema de saúde da irmã Cândida. Não
tem Cristo que resolva."
9) "Os irmãos e irmãs que não sabem ler devem devolver os boletins da igreja no final do culto, assim que já tiverem usado."
10) "O novo zelador é o irmão Manuel. Não é casado, mas faz tudo que os outros mandam."
11) "O pastor viajou para o enterro da mãe do irmão Paulo. No culto cantaremos Ouve-se o Júbilo de Todos os Povos."
12) "O diácono irmão Zaqueu convida os homens da igreja para no próximo sábado podarem as árvores."
13) "A todos os irmãos que doaram alimentos à família da irmã Lurdes a igreja agradece, ela morreu em paz."
14) "Convidamos a todos para possessão do nosso novo pastor no dia 25. Traga convidados para assistirem."
E alguns erros, puramente de digitação, para consolar alguns:
1) "E Jesus montado na sua jamanta entra em Jerusalém...."
2) "... ao subir Jesus no pinículo para pregar...."
3) "... e aquele pobre homem deixa cair suas mulatas confiante que sairá andando ... "
4) "... e os irmãos que participarão da reunião de senhoras..."
5) "... a igreja local dever ser como um corpo, com as partes asustadas para funcionar ..."
http://www.filhotesdecristo.hpg.ig.com.br/humor.htm

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Amway - Dinheiro é a Solução?


"Tempo livre, segurança e dinheiro pelo resto da vida". Este é o "discurso messiânico" que oferece a maior empresa de marketing de rede do mundo, a Amway, através de seus 2,5 milhões de "missionários" (foi assim que a revista Exame,18 de junho de 1997 definiu seus distribuidores). Enaltecendo o poder do pensamento positivo, exibindo símbolos de prosperidade, discursando sobre "você-pode-ser-um-vencedor", tudo isso sendo anunciado num estilo missionário, essa empresa familiar continua a prosperar, estando presente em mais de 70 países. No Brasil, a Amway conta com mais de 150.000 distribuidores.

Muitas pessoas têm nos indagado acerca da Amway. Por se tratar de uma empresa muito grande, seria impossível fazer uma análise completa de cada indivíduo envolvido com esta organização. Como várias outras empresas, há muitos pontos positivos e negativos sobre a Amway. A empresa foi fundada na cidade de Ada, Estado de Michigan, nos Estados Unidos, por Richard DeVos e Jay Van Andel, em 1959. Em 1991, o grupo chegou ao Brasil, oferecendo aos brasileiros uma forma rápida de enriquecer. Seus produtos têm a ver com os cuidados do lar, cosméticos, cuidado pessoal, nutrição humana e utensílios domésticos. São mais de 400 produtos consumidos e vendidos por seus "missionários".

A revista ISTOÉ (22 de março de 1994, pp. 66, 67), num artigo intitulado "Religião Amway - A rede Amway cresce no Brasil distribuindo produtos sem intermediários e promete enriquecimento rápido", classificou a Amway de "culto moderno, que usa técnicas de arregimentação quase religiosas". Quando alguém é convidado para ingressar na Amway, a pessoa que o convidou já é associada da empresa e passa a ser a sua patrocinadora. É preciso haver um convite para entrar. Paga-se uma taxa de inscrição, geralmente o equivalente a US$ 80,00, e o novo sócio recebe um kit com os produtos e material didático, como manuais e fitas cassete, que lhe darão mais instruções sobre o programa de vendas e o sucesso nos negócios.

O novo sócio começa a levar outras pessoas para a Amway e passa a ganhar uma porcentagem sobre as compras dos novos sócios que ele recrutou. Elas também passam a fazer o mesmo, levando mais pessoas, e ganhando a porcentagem sobre as compras de seus novos associados, e assim sucessivamente. As pessoas começam então a ganhar bônus e posições ou patentes na hierarquia denominadas rubi, pérola, esmeralda, diamante etc., e assim a pirâmide (rede de distribuição direta) começa a ser levantada. Existe aqui o perigo de a empresa fazer das pessoas um mero produto. Trata-se de um empreendimento que vai exigir muito tempo, esforço e dedicação da pessoa - se ela quiser ganhar alguma coisa.

A revista ISTOÉ disse ainda que os métodos de recrutamento da empresa são parecidos com uma cerimônia de iniciação religiosa, fazendo lembrar os antigos cursilhos católicos e os cultos evangélicos, com a diferença que na Amway o assunto passa a ser o dinheiro. Nos Estados Unidos, esses métodos foram acusados de apresentarem um tipo mais leve de lavagem cerebral, embora a justiça naquele país não tenha aceitado as denúncias.

Muitos distribuidores da Amway, que são cristãos, fazem o seu recrutamento no meio evangélico. Nossa preocupação é que, dessa maneira, entra-se em contato com vários livros e preletores recomendados por alguns líderes da Amway que não são sempre bíblicos em suas abordagens sobre o sucesso e princípios financeiros. Alguns livros de autores como Og Mandino, Dale Carnegie, Joseph Murphy, Napoleon Hill, Norman Vicent Peale e Lair Ribeiro (autor do livro O Sucesso Não Ocorre Por Acaso e vários outros títulos) incluem conceitos da Nova Era.

Em muitos casos, o que acontece é que a fé dos envolvidos vai se misturar com crenças da AMP (Atitude Mental Positiva) e da confissão positiva, que são atualmente assuntos constantes nos congressos e seminários de motivação e sucesso. Dave Hunt e T.A. McMahon, autores norte-americanos, comentam sobre o perigo de tal envolvimento: "A grande jogada hoje em dia é o sucesso. A capacidade de exercer 'o poder da mente sobre a matéria' não é mais considerada algo estranho e oculto, e sim parte de um potencial humano natural, normal e infinito, que pode ser experimentado por qualquer pessoa que siga certas supostas 'leis de sucesso'".

Norman Vincent Peale (já falecido), por exemplo, embora fosse um ministro protestante, tinha ensinos que às vezes contrariavam as Escrituras. Um deles foi o de negar o ensino bíblico da condenação eterna para os que morrem sem Cristo. Por exemplo, quando perguntado no programa de televisão de Phil Donahue nos Estados Unidos, se as pessoas não cristãs poderiam ir ao céu, ele respondeu que sim (Transcrição do Progama de Donahue, nº 10.104, p. 4). Neste mesmo programa ele declarou que Jesus é o "supremo caminho" para o céu, mas não o único caminho (p. 5). A Bíblia diz o contrário, pois o próprio Senhor Jesus declarou: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14.6).

Em seu livro 1001 Maneiras de Enriquecer, Joseph Murphy chega a defender conceitos sobre o homem que estão mais para o panteísmo do que para a Bíblia. Ele declara: "Da mesma forma que o ramo de uma árvore é uma extensão da sua vida, eu também sou um prolongamento da sabedoria, do poder e da energia criadora de Deus. Sou um filho de Deus e herdei todos os direitos, privilégios e benesses de suas riquezas. Acredito na substância e no provimento infinitos. Estou em consciência com o Senhor. Seu poder criador é também meu; Sua sabedoria, força, inteligência e compreensão são igualmente minhas. Deus e o homem são uma mesma criatura. O Senhor e eu somos uma só pessoa" (pp. 23, 24).

Ao contrário do que diz Joseph Murphy, a Bíblia afirma que "Deus não é homem para que minta, nem filho do homem, para que se arrependa" (Números 23.19) e ainda: "porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti" (Oséias 11.9). É preciso lembrar também que Deus é o criador e não a criatura (Isaías 40.28; Jeremias 32.17). Embora interaja com suas criaturas, Ele tem vida distinta da criação.

Num de seus livros mais conhecidos, O Poder do Subconsciente, Joseph Murphy afirma que "o que é impresso em sua mente subconsciente é expresso no cenário do espaço. Essa mesma verdade foi proclamada por Moisés, Isaías, Jesus, Buda, Zoroastro, Lao-Tsé e todos os outros profetas iluminados da História" (p. 51). A exemplo de Murphy, vários indivíduos e grupos tentam comparar Jesus com outros líderes de religiões, chegando a dizer que todos eles foram portadores de uma única verdade. Entretanto, à luz das Escrituras Sagradas, Jesus ocupa um lugar único no plano da salvação e na história, algo confirmado pelas palavras do apóstolo Pedro: "E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos" (Atos 4.12). A Bíblia afirma que só Jesus tem palavras de vida eterna.

Pode ser dito ainda que existe uma ênfase exagerada sobre o lucro material em alguns círculos da Amway que é antibíblica. Quem faz parte da empresa vai perceber que algumas linhas de distribuição e indivíduos na organização enfatizarão estes ensinos duvidosos, enquanto que outros não. A afirmação de que alguns de que o nome Amway seria uma referência às palavras de Jesus em João14.6, "Eu sou o caminho" (I am the way, em inglês) não é correta. Amway é uma abreviação do nome em inglês, The American Way of Life (o estilo de vida americano).

Pesquisadores que hoje fazem parte da AGIR estiveram pessoalmente no escritório da sede brasileira da Amway, em 1993, em São Paulo, e foram bem recebidos pelo então presidente, o Sr. Kenneth Smith. O Sr. Smith esclareceu na ocasião que a Amway em si nada tem a ver com o movimento da Nova Era, tratando-se exclusivamente de uma empresa de negócios e não de um grupo religioso. Ele mesmo testemunhou ser cristão, freqüentando na época a Calvary International Church (Igreja Internacional do Calvário, em São Paulo, freqüentada principalmente por missionários e empresários de língua inglesa).

Estar envolvido com a Amway ou com qualquer outro negócio não é certo ou errado em si mesmo. Os cristãos devem avaliar os líderes e os materiais aos quais são expostos e verificar se o que é ensinado está de acordo com a Palavra de Deus. Todo cristão tem a responsabilidade de detectar erros nos ensinos, se houver algum, e avisar aos outros ao mesmo tempo. Cada cristão deve avaliar também suas próprias razões pessoais para se envolver em algo assim e isso deve ser feito de acordo com os princípios da Palavra de Deus.

Por se tratar de um empreendimento que exige muito tempo e dedicação dos sócios, o envolvimento com a Amway pode trazer transtornos para o cristão, que já tem tão pouco tempo para dividir entre a família e o serviço do Senhor. Por esta razão, é importante estar atento às palavras do grande apóstolo: "Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento. Que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir, que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida" (I Timóteo 6.17-19).


Artigo do Dr. Paulo Romeiro

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Catolicismo à luz da Bíblia Sagrada




INTRODUÇÃO
"Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras e têm a sua própria consciência cauterizada, proibindo o casamento, e ordenando a abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com ações de graças pelos que são fiéis e que conhecem bem a verdade." (1 Tm 4.1-3 )
A palavra católico vem do grego katholikos, que quer dizer "universal". No nome catolicismo romano já observamos uma contradição. Lorraine Boetner, em seu livro "Catolicismo Romano", cita o Dr. John Gerstner que escreveu: "...rigorosamente falando, católica romana é uma contradição de termos. Católico significa universal; romano significa particular".
Quero, neste estudo, analisar as principais doutrinas católicas com as Escrituras e mostrar a total incompatibilidade que existe entre a fé dos evangélicos e a fé dos católicos. O profeta Amós perguntou: "Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" (Am 3.3) Não estou pregando a intolerância religiosa, o respeito pelo próximo é uma marca cristã, o direito a escolha religiosa é um direito inegociável. Refiro-me a tentativa ecumênica de unir evangélicos e católicos numa só igreja. Um artigo na Internet divulgou que "João Paulo II vem manifestando interesse em aproximar-se de judeus e evangélicos". A proposta ecumênica dos católicos é de mão única. Estes estão interessados que os evangélicos, por exemplo, aceitem o Papa como cabeça da igreja e muito mais. A meta do ecumenismo é a união de todas as igrejas em uma só Igreja Mundial. É impossível aceitar essa proposta sem abrir mão daquilo que é básico em nossa fé. Sabemos, pelas Escrituras, que o Anticristo virá sobre as asas do ecumenismo se colocando como líder religioso mundial dizendo ser o Cristo.
PEQUENO HISTÓRICO
A igreja católica, que conhecemos hoje, é o resultado de alterações feitas à partir da igreja primitiva. Segundo Aurélio, "...o catolicismo romano é a religião que reconhece o Papa como autoridade máxima, que se expande por meio de sacramentos, que venera a virgem Maria e os santos, que aceita os dogmas como verdades incontestáveis e fundamentais e que tem como ato litúrgico mais importante a missa". O que essa igreja tem em comum com a igreja primitiva? Nada!
Durante os primeiros séculos cristãos ocorreram muitas perseguições, isto cooperou para que a igreja se mantivesse fiel as Escrituras. Este período é chamado de era patrística, ou era dos pais da igreja. Halley fala de Policarpo (69-156 d.C.), discípulo de apóstolo João que foi queimado vivo por se recusar a amaldiçoar a Cristo. Policarpo falou: "oitenta e seis anos faz que sirvo a Cristo e Ele só me tem feito bem, como podia eu, agora, amaldiçoá-lo, sendo Ele meu Senhor e Salvador?"
A corrupção no cristianismo começou já em meados do século III, onde houve o primeiro rompimento sério dos cristãos, por causa da introdução dos batismos de crianças. O rompimento foi chamado de "desfraternização". No século IV, Constantino ascendeu ao posto de Imperador. Este apoiou o cristianismo e fez o mesmo religião oficial do Império Romano. Assim sendo, muitos ímpios se tornaram cristãos por motivos políticos e escusos. Constantino convocou em 325 d.C. o Concílio de Nicéia onde surgiu o catolicismo romano influenciado por doutrinas pagãs. Como pôde haver essa junção entre o cristianismo e Roma? Roma que sempre foi centro de idolatria em que seus imperadores eram considerados deuses. Alcides Peres conta que em 326 d.C., um ano depois do Concílio, Constantino vai a Roma para celebrar o vigésimo ano de seu reinado. Por intriga palaciana, manda prender seu filho Crispo, que é logo julgado, condenado e morto pelo próprio pai... Foi esse homem que deu origem a esta junção do catolicismo com o romanismo.
Muitas doutrinas estranhas continuaram a penetrar no catolicismo romano. Fazendo que cada vez mais a igreja católica se distanciasse de sua origem. Citarei alguns exemplos dando datas aproximadas:
1. A oração pelos mortos começou a ser aceita por volta de 300 d.C.
2. O começo da exaltação a Maria onde o termo "mãe de Deus" surgiu pela primeira vez em 431 d.C.
3. A doutrina do purgatório em 593 d.C. A adoração da cruz, imagens e relíquias em 786 d.C.
4. A canonização dos santos mortos em 995 d.C. O celibato do sacerdócio em 1079 d.C. E assim em diante...
No século XVI ocorreu a tão conhecida reforma protestante que é sempre lembrada no dia 31 de outubro por ser a data que Lutero em 1517 d.C. colocou suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Essas teses combatiam principalmente a compra de indulgências. Segundo Earle E. Cairns: "A indulgência era um documento que se adquiria por uma importância em dinheiro e que livrava aquele que a comprasse da pena do pecado." O pecador deveria arrependendo-se, confessar o seu pecado ao sacerdote, e ainda pagar uma certa quantia para assim obter o perdão, tratando desta forma o sacrifício na cruz como nada. Lutero combateu isto com veemência baseando-se em Romanos 1:17, ensinando que só a fé em Cristo justifica. Com a reforma a Bíblia foi traduzida para a língua do povo. Antes a Bíblia era negada ao povo sob a desculpa que só o sacerdote podia interpretá-la corretamente. A supremacia da Bíblia em todas as questões de fé e prática foi enfatizada (sola scriptura) assim combatendo a idéia que a tradição e as interpretações dos clérigos teriam o mesmo valor que as Escrituras.
Lorraine Boettiner escreveu: "O protestantismo como surgiu no século dezesseis não foi o começo de alguma coisa nova, mas o retorno ao cristianismo bíblico e à simplicidade da igreja apostólica da qual a igreja católica se afastou há muito tempo."
A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS
Para começo de conversa é bom falarmos sobre a autoridade da Bíblia segundo o catolicismo. Segundo o catolicismo existem três grandes autoridades para o ensino: a tradição da igreja, o magistério e as Escrituras Sagradas. Para eles a Bíblia sozinha não é suficiente. Raimundo F. de Oliveira cita o Padre Benhard que em 1929 escreveu: "A Bíblia não é a única fonte de fé, como Lutero ensinou no séc. XVI, porque sem a interpretação de um apostolado divino e infalível, separado da Bíblia, jamais poderemos saber, com certeza, quais são os livros que constituem as Escrituras inspiradas, ou se as cópias que hoje possuímos concordam com os originais. A Bíblia em si mesma, não é mais do que letra morta, esperando por um intérprete divino... Certo número de verdades reveladas têm chegado a nós, somente por meio da tradição divina."
"Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão escritas neste livro." (Ap. 22.18 e 19)
Conforme temos visto, para o catolicismo romano, a Bíblia não é a única regra de fé. A revelação, segundo eles, está apoiada no seguinte tripé: as escrituras, a tradição da Igreja e o magistério. Ainda tiram da Bíblia o valor de ser a autoridade final. Observe a declaração do catecismo de 1994: "O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida (tradição) foi confiado unicamente ao magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo, isto é, aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma." Ou seja, para os católicos, a interpretação dos magistrados é superior as Escrituras Sagradas. Paulo nos advertiu: "Mas ainda a que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já tenho anunciado, seja anátema." (Gl 1.8). E em Rm 3.4 está escrito "...sempre seja Deus verdadeiro e todo o homem mentiroso."
Além desse tripé errôneo, existe o fato da Igreja Católica possuir livros apócrifos em sua Bíblia. A palavra "apócrifo" vem do grego apokrupha que significa "coisas ocultas". Porém com o decorrer do tempo foi adquirindo o significado de "espúrio" e "não-puro". Os livros apócrifos estão inseridos no Velho Testamento fazendo que o Velho Testamento deles tenham 46 livros enquanto o nosso têm 39 livros. Os apócrifos são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1º e 2º de Macabeus, seis capítulos e dez versículos acrescentados no livro de Ester e dois capítulos de Daniel. Foi no Concílio de Trento em 15 de abril de 1546, em sua quarta sessão que a Igreja Católica declarou estes livros sagrados.
Quero dar quatro razões para não aceitarmos esses livros como inspirados por Deus.
1ª) Esses livros não estão no cânon hebraico. A palavra "cânon" significa literalmente "cana" ou "vara de medir". Esta palavra, com o tempo, passou a classificar os livros que são considerados genuínos e inspirados por Deus. Sendo assim os hebreus consideram os livros apócrifos como não inspirados por Deus.
2ª) Não há no Novo Testamento nenhuma citação desses livros. Jesus e os apóstolos não citaram uma vez sequer um trecho incluído nesses livros. Assim mostrando que não eram considerados genuínos por Cristo ou pelos apóstolos.
3ª) Doutrinas contrárias as escrituras são baseadas nesses livros, tais como: a intercessão pelos mortos, a intercessão dos santos, a salvação pelas obras, etc.
4ª) Os católicos não foram unânimes quanto a inspiração divina nesses livros. No Concílio de Trento houve luta corporal quando este assunto foi tratado. Lorraine Boetner (in Catolicismo Romano) cita o seguinte: "O papa Gregório, o grande, declarou que primeiro Macabeus, um livro apócrifo, não é canônico. O cardeal Ximenes, em sua Bíblia poliglota, exatamente antes do Concílio de Trento, exclui os apócrifos e sua obra foi aprovada pelo papa Leão X. Será que estes papas se enganaram? Se eles estavam certos, a decisão do Concílio de Trento estava errada. Se eles estavam errados, onde fica a infalibilidade do papa como mestre da doutrina?"
SALVAÇÃO
Como o Catolicismo Romano vê a salvação? Adolfo Robleto (in: O Catolicismo Romano) destaca: "Na Igreja Católica, no entanto, o tema da salvação não ocupa um lugar proeminente. Os esforços se encaminham para o sentido de que o povo católico, não falte à igreja e faça obras de caridade." Segundo o catolicismo a salvação é adquirida de três formas básicas: 1ª) graça de Deus, 2ª) fé e obras e 3ª) a igreja e seus sacramentos.
1ª) Graça de Deus – A palavra graça significa favor imerecido e gratuito. É algo concedido por Deus de forma gratuita sem qualquer mérito humano. "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras para que ninguém se glorie." (Ef 2.8 e 9). Por sua vez, a Igreja Católica não vê a graça como um favor gratuito e imerecido. O fiel para receber a graça de Deus precisa ser ligado a Igreja Católica e participar dos sacramentos, sendo só desta forma que Ele pode receber a graça de Deus. Caso não receba a graça, o fiel não poderá ser salvo. Mas as Escrituras deixam bem claro que sendo a salvação pela graça, não pode ser ao mesmo tempo pelas obras. "E se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça." (Rm 11.6).
2ª) Fé e obras – Segundo o catolicismo a fé em Cristo não é suficiente para se adquirir a salvação. É necessário também realizar caridades, esmolas e participar dos sacramentos. No Concílio de Trento (1546-1563) saiu o seguinte decreto: "Se alguém disser que a fé é justificadora não é nada mais que confiança na misericórdia divina que cancela o pecado em nome de Cristo somente; ou que esta confiança sozinha basta para sermos justificados, que seja anátema." O catolicismo chama de maldito aquele que crê que a fé em Cristo sozinha é suficiente para justificá-lo diante de Deus. Mas nas Escrituras está escrito: "Sendo pois justificados pela fé, tenhamos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo." Cristo pouco antes de morrer na cruz disse: "...está tudo consumado". Mostrando assim que o homem não precisaria fazer mais nada para adquirir a salvação. Pois Ele "veio buscar e salvar o que se havia perdido" (Lc 19.10).
A salvação não pode ser comprada pelas obras humanas. "Ou quem lhe deu primeiro a Ele, para que seja recompensado?" (Rm 11.35). Quem crê na salvação pela fé em obras está dizendo que Cristo morreu em vão (Gl 2.21).
Adolfo Robleto escreveu: Qual é então a relação entre a fé e as obras? É a seguinte: a fé é a raiz; as obras são o fruto. A fé nos justifica para com Deus; as obras evidenciam essa fé diante dos homens. Deus vê o coração; os homens vêem as obras da fé no viver. Fazemos boas obras depois que cremos que somos salvos, e não antes da fé para sermos salvos. Em conclusão: as obras não produzem a salvação, mas, sim, são um resultado um resultado dela." Veja Ef 2.10.
3ª) A igreja e seus sacramentos – No catecismo de 1994 está escrito: "Toda salvação vem de Cristo–cabeça, através da igreja, a qual é o seu corpo; apoiado na Sagrada Escritura e na tradição (o Concílio) ensina que esta igreja, agora peregrina na terra, é necessária a salvação... por isso não podem salvar-se, aqueles que, sabendo que a igreja católica foi fundada por Deus através de Jesus Cristo, como instituição necessária, apesar disso não quiserem entrar nela ou perseverar."
Nas Escrituras não há nenhuma indicação que alguém deve entrar numa igreja para obter salvação. A salvação só é por meio de Cristo (At 4.12; Jo 3.36; Jo 5.24; Jo 20.31; At 10.43; I Ts 5.9 etc.). Depois de salvo o cristão deve se ligar a uma igreja realmente cristã para ter comunhão com seus irmãos em Cristo (Hb 10.25, I Jo 1.5-7 e I Jo 4.20 e 21).
A palavra sacramento vem do latim sacramentum que antigamente tinha dois significados básicos:
1.º) Algo que era separado para um propósito sagrado
2.º) Era um juramento que o soldado fazia ao Imperador de Roma ao ingressar no exército. No século V, Agostinho começou a elaborar as doutrinas dos sacramentos, que ele definiu como "a forma visível de um graça invisível" (signum visible de gratia invisible). Só no ano de 1439, no Concílio de Florença, foi que os sete sacramentos foram oficializados pelo catolicismo. Sendo os sete sacramentos: batismo, crisma ou confirmação, penitência, eucaristia ou missa, matrimônio, unção de enfermos ou extrema-unção e santas ordens. Segundo o catecismo de 1994, "a Igreja afirma que para os crentes os sacramentos da nova aliança são necessários à salvação." Os sete sacramentos são nada menos que uma séria de boas obras que os católicos crêem que precisam fazer para alcançar a salvação. Mas em Rm 3.20 está escrito: "Por isso nenhuma carne será justificada diante Dele pelas obras..."
Ao criar esta doutrina o catolicismo forma uma espécie de salvação sacerdotal, pois os sacramentos só podem ser ministrados pelos "sacerdotes" católicos. Transformando os sacerdotes católicos em mediadores entre Deus e os homens. O que é uma tremenda heresia: "Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem." Analisaremos brevemente cada sacramento.
O BATISMO
Os católicos crêem que o batismo é necessário a salvação, que sem o batismo a pessoa está condenada ao inferno. No concílio de Trento foi decretado: "As crianças se não forem regeneradas para Deus através da graça do batismo, quer seus pais sejam cristãos ou infiéis, nascem para miséria e perdição eternas." Quão terrível é esta doutrina! Já nós, evangélicos, cremos que estando a criança na fase da inocência vindo falecer esta irá para o céu. "Por que dos tais é o reino dos céus." (Mt 19.14). O batismo é para quem crê. Enquanto a criança não tiver como decidir sobre a sua fé em Cristo, esta não pode ser batizada. A afirmação que o batismo salva é totalmente equivocada. O batismo é para os salvos e só a ausência de fé em Cristo é que condena. "Quem crer e for batizado será salvo, quem não crê será condenado." (Mc 16.16)
CRISMA OU CONFIRMAÇÃO
Segundo eles, é um ato de aprofundamento em Cristo para todos aqueles que já foram batizados. No catecismo de 1994 está escrito: "a confirmação aperfeiçoa a graça batismal; é o sacramento que dá o Espírito Santo para enraizar-nos mais profundamente na filiação divina; incorporar-nos mais firmemente a Cristo, tornar mais sólida a nossa vinculação com a Igreja..." Preste atenção! Segundo eles, este sacramento concede o Espírito Santo. Por isto no crisma o bispo impõe suas mãos sobre a cabeça da pessoa com o propósito de transmitir o Espírito Santo. Não existem nenhum ritual, nas Escrituras, que aprofunde alguém espiritualmente. A filiação divina não é aprofundada por um ritual mas é conseguida plenamente no momento em que se crê em Cristo. É o que está escrito em João 1.12: "Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no Seu nome." E é neste momento que recebemos o Espírito Santo. "Pois todos nós fomos batizados em um Espírito formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres e todos temos bebidos de um Espírito."
PENITÊNCIA
Segundo o catolicismo é a maneira de remover a penalidade dos pecados cometidos depois do batismo e crisma. O padre depois de ouvir a confissão dos pecados recomenda aos fiéis penitências como: orações, ofertas, ajuda ao próximo ou algum tipo de privação. No catecismo de 1994 está escrito: "A absolvição tira o pecado, mas não remedia todas as desordens que ele causou. Liberto do pecado, o pecador deve ainda recobrar a plena saúde espiritual. Deve, portanto, fazer alguma coisa mais para reparar seus pecados; deve satisfazer de modo apropriado ou expiar seus pecados. Esta satisfação chama-se também penitência." Esta doutrina é uma verdadeira aberração. O sacrifício de cristo é único e suficiente (Hb 10.12).
EUCARISTIA OU MISSA
Lorraine Boetner cita o catecismo de Nova York que diz o seguinte:
"Jesus Cristo nos deu o sacrifício na cruz da missa para que a sua Igreja tenha um sacrifício visível que prolongue o Seu sacrifício na cruz até o fim dos tempos. A missa é o mesmo sacrifício que o sacrifício da cruz. A santa comunhão é participar do corpo e do sangue de Jesus Cristo sob a aparência de pão e vinho".
Vemos que para os católicos a eucaristia ou missa é onde Cristo volta a ser crucificado para que os benefícios da cruz se apliquem continuamente aos seus participantes. Na epístola aos Hebreus capítulo 9 vemos Jesus sendo comparado aos sacerdotes no templo. Porém o autor mostra que Cristo é superior aos sacerdotes, sendo Ele o Sumo Sacerdote perfeito que ofereceu-se uma vez.
Observe:
"Nem também para si mesmo oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio. Doutra maneira, necessário lhe fora padecer desde a fundação do mundo; mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo. E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos..." (Hb 9.25-28).
No versículo 12 afirma que entrou "uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção." A redenção é eterna então não há necessidade de rituais para que a redenção continue.
Ensina a teologia católica a transubstanciação (alteração de substância) durante a eucaristia. Após a consagração dos elementos, pão e vinho, e a recita feita pelo padre das palavras de Cristo, "isto é o meu corpo" e "isto é o meu sangue", o pão se transforma na carne de Cristo e o vinho no sangue de Cristo. Esquecem os católicos que Jesus Cristo, em pessoa, institui a ceia do Senhor e pronunciou as palavras: "isto é o meu corpo e o meu sangue." Se a transubstanciação fosse verdadeira, Cristo teria comido a sua própria carne e bebido do seu próprio sangue. Isso seria impossível, pois Cristo estava em pessoa celebrando a ceia e seria um absurdo comer o próprio corpo e beber do próprio sangue. Cristo foi bem claro "fazei isto em memória de mim". Se é "em memória" é forçoso admitir que Cristo não estava presente nos elementos: pão e vinho. (Lc 22.19 e 20).
Paulo ao instruir sobre a ceia do Senhor chamou o pão de pão e vinho de vinho. Note bem: "Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha" (I Co 11.26). E ainda, em algumas passagens da Bíblia vemos a ceia do Senhor sendo chamada de "o partir do pão" e não o partir do corpo (At 2. 46). Os católicos costumam usar como base bíblica para a eucaristia, as seguintes palavras de Cristo: "Porque a minha carne verdadeiramente é comida e o meu sangue verdadeiramente é bebida" (Jo 6.55). É claro que Cristo falou estas palavras no sentido figurado, ou será, que Cristo pregou o canibalismo. Mas os católicos, ainda insistem, pois Cristo falou "verdadeiramente". Como Cristo também falou: "Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o lavrador." (Jo 15.1) Cristo é uma planta? Não. Fica evidente que Ele usou o sentido figurado como usou em Jo 6.55. O capítulo 6 de João é o registro da multiplicação de pães. A multidão começou a seguir a Jesus por causa do pão terreno. Mas Cristo queria lhes oferecer o pão espiritual: "Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede" (Jo 6.35). É claro que Jesus falou no sentido espiritual como também falou em Jo 6.55.
Os católicos ainda crêem que ao participar da eucaristia os fiéis têm a purificação dos pecados presentes, preservação dos pecados futuros e ainda ajudam os mortos. No catecismo de 1994 está escrito: "O sacrifício eucarístico é também oferecido pelos fiéis defuntos que morreram em Cristo e não estão ainda plenamente purificados, para que possam entrar na luz e na paz de Cristo." As Escrituras são claras ao dizer que todos os pecados são removidos através do sangue de Cristo (veja I Jo 1.7 e Ap 1.5.)
MATRIMÔNIO
Sem dúvida alguma, Deus institui o casamento, sendo este a primeira instituição divina, quando uniu Adão e Eva (Gn 2.23 e 24). Uma coisa é considerar o casamento uma instituição divina. Outra coisa, totalmente diferente, é considerar o casamento como sacramento (meio de graça). Os católicos crêem que quando seus "sacerdotes" realizam seus casamentos, a graça de Deus vem através dos mesmos.
Com este tipo de pensamento, os católicos só consideram os casamentos realizados pelos seus sacerdotes. O erro de considerar o casamento como um sacramento se deu por um erro de tradução da Vulgata (versão latina das Escrituras, traduzida por Jerônimo) que traduziu Efésios 5.32 como "Este é um grande sacramento" enquanto a tradução correta é "Este é um grande mistério". Sabemos que a Igreja Católica costuma cobrar uma taxa para realizar casamentos.
UNÇÃO DOS ENFERMOS OU EXTREMA UNÇÃO
Segundo o catolicismo, é um meio de conferir graças aos enfermos, anciãos e moribundos, ajudando assim no perdão dos pecados. Normalmente é ministrado pelo "sacerdote" a pessoa que está à beira da morte. O "sacerdote" unge os olhos, nariz, mãos e pés enquanto recita uma "oração especial" em latim. Este ritual visa diminuir a quantidade de pecados da pessoa devendo o restante ser "pago" pelos parentes através das missas.
Em nenhum lugar das Escrituras vemos a recomendação para a realização desse ritual. O sangue de Cristo é suficiente para perdoar os pecados e não precisa de "óleo sagrado" para aperfeiçoar este. Na Bíblia, existe a recomendação de orar pelo enfermo com o uso do óleo (sendo o óleo apenas um símbolo do Espírito Santo) mas não para o perdão dos pecados, e sim, para cura do corpo. (Tg 5.14-16)
SANTAS ORDENS
Segundo o catolicismo é ato de conferir graça especial e poder espiritual aos padres, bispos, arcebispos, cardeais e papas. Fazendo destes sacerdotes, portanto, representantes de Cristo na terra. A idéia do sacerdócio é do Antigo testamento, onde os sacerdotes basicamente exerciam três funções:
1ª) Ofereciam sacrifícios no santuário diante de Deus em benefício do povo.
2ª) Ensinavam a lei de Deus.
3ª) Buscavam a vontade de Deus.
O sacerdócio era uma sombra ou tipo daquele que haveria de vir – Cristo. Com a vinda de Cristo não há necessidade nenhuma de sacerdotes. Em Hb 9.11 e 12 está escrito: "Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito de mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue dos bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção". E em Hb 9.24 está escrito: "Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos de homens, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer por nós perante a face de Deus."
O sacerdote era uma espécie de mediador dos homens diante de Deus. Hoje temos um único mediador: "Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem." (I Tm 2.5). Hoje cada crente pode ir a Deus através de Cristo. "Pedi e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e o que busca, encontra; e o que bate, se abre." (Mt 7. 7 e 8). Diante dessas irrevogáveis verdades bíblicas, pasmem com que está escrito no Concílio de Trento:
"O sacerdote é o homem de Deus, o ministro de Deus... Aquele que despreza o sacerdote despreza Deus; aquele que o ouve, ouve a Deus. O sacerdote perdoa pecados como Deus, e aquilo que ele chama de seu corpo no altar é adorado como Deus por ele mesmo e pela congregação... Está claro que a sua função é tal que não se pode conceber nenhuma maior. Portanto, eles não são simplesmente chamados de anjos, mas também de Deus, mantendo como fazer o poder e autoridade do Deus imortal em nós."
Pura blasfêmia! Ainda leia o que está escrito num livro romano citado por Lorraine Boettner:
"Sem o sacerdote, a morte e a paixão de nosso Senhor não teria nenhum valor para nós. Veja o poder do sacerdote! Através de uma palavra dos seus lábios ele transforma um pedaço de pão em Deus! Um fato maior que a criação do mundo. Se eu me encontrasse com um sacerdote e um anjo, eu saudaria o sacerdote antes de saudar o anjo. O sacerdote ocupa o lugar de Deus." Pura blasfêmia!
PURGATÓRIO
A doutrina do purgatório teve o seu início no Concílio de Florença (1439). Lá foi estabelecido a diferença entre o pecado cometido e a tendência inata para o pecado. Chegando-se a conclusão que o perdão (conseguido através da confissão ao sacerdote e a participação dos sacramentos) acaba com o pecado, mas não acaba com a má tendência. Há portanto, a necessidade do purgatório, um lugar intermediário entre o céu e a terra, onde os fiéis que ainda tenham alguma dívida e a má tendência para o pecado, irão sofrer no fogo do purgatório, até a purificação completa.
O autor John M. Haffert (livro: Saturday in Purgatory) escreveu: "Não há menor dúvida que os sofrimentos do purgatório em alguns casos duram através de séculos inteiros." Sobre o sofrimento do purgatório, o manual da sociedade do purgatório registra: "Segundo os santos padres da igreja, o fogo do purgatório não difere do fogo do inferno, exceto quanto à sua duração. É o mesmo fogo, diz S. Tomás de Aquino, que atormenta os réprobos no inferno e o justo no purgatório. A dor mais amena no purgatório, ele diz, ultrapassa os maiores sofrimentos desta vida. Nada além da duração eterna torna o fogo do inferno mais terrível do que o purgatório." Segundo os católicos as orações e esmolas dos vivos e o "sacrifício da missa" ajudam a diminuir o tormento do purgatório. Como será que os católicos encaram a morte? Se eles pensam que depois da morte vão encarar o purgatório.
Os teólogos tentam basear a doutrina do purgatório nos livros de Macabeus e em algumas passagens das Escrituras. Sabemos que Macabeus é um livro apócrifo e espúrio. Quanto às passagens das Escrituras, os católicos usam o fato de existir um pecado imperdoável (blasfêmia contra o Espírito Santo) e a passagem de I Co 3.15. Quando Cristo chama a blasfêmia contra o Espírito Santo de pecado imperdoável, não faz referência nenhuma ao purgatório, que segundo os católicos seria, o lugar onde este pecado seria perdoado. Pelo contrário, Jesus disse: "Não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro" (Mt 12.32) e "nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo." (Mc 3.29). Quanto a passagem de Coríntios, Paulo trata da questão dos galardões e não da salvação. Tanto que mesmo que as obras se queimem "o tal será salvo, todavia como pelo fogo."
Quero destacar três argumentos bíblicos que liquidam a doutrina do purgatório:
1º) A suficiência do sacrifício de Cristo
Não há como crer na suficiência do sacrifício de Cristo e na doutrina do purgatório ao mesmo tempo. Só pode se crer em um e descartar o outro. Cristo falou: "Porque o filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido" (Lc 19.10). Ele veio salvar, não se tem nenhuma necessidade do purgatório para aperfeiçoar a salvação que Cristo trouxe. Paulo escreveu: "Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal." (I Tm 1.15). Cristo na cruz disse: "Está tudo consumado", mostrando assim que cumpriu a sua missão.
2º) Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo (Rm 8.1 e Jo 3.18).
3º) É na presente vida que a salvação ou a condenação é definida (Hb 9.27).
Observamos que o catolicismo não fica satisfeito com nada. Não crê que o sacrifício de Cristo foi o suficiente para a nossa salvação, nem fica satisfeito com a sua própria mirabolante doutrina dos sacramentos. Para eles há necessidade do purgatório, enquanto a Bíblia é bem mais simples afirmando que Cristo satisfez a justiça divina (Rm 3.21-26), não havendo necessidade de mais nada.
O PAPADO
Os primeiros aspectos que quero analisar sobre o papado são os títulos que estes carregam e as reivindicações que fazem para si. A palavra "papa" vem do latim papa que significa "pai". Cristo foi bem claro que ninguém poderia ser chamado de pai espiritual a não ser Deus: "E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso mestre, que é o Cristo." (Mt 23.9 e 10).
O papa também é chamado de "doutor supremo de todos os fiéis", o que vai contra o que Cristo ordenou, citado logo acima. São muitos títulos equivocados e arrogantes que o papa carrega em seus ombros. Estarei comentando mais alguns, tais como: "vigário de Cristo", "sumo-pontífice" e "santo padre".
A palavra "vigário" quer dizer "substituto". O papa é chamado de "vigário de Cristo", ou seja, "substituto de Cristo". Cristo afirmou claramente que o seu substituto na terra seria a pessoa do Espírito Santo (Jo 14.16-18, Jo 15.26 e Jo 16.7 e 13). O título "pontífice", que quer dizer literalmente "construtor de pontes", não veio da Bíblia mas do romanismo, onde o imperador declarava-se o elo de ligação a Deus. O papa é chamado de sumo-pontífice, ou seja, o máximo elo de ligação a Deus. É uma blasfêmia e arrogância um homem se colocar nesta posição. Só Cristo é a ponte para Deus (Jo 14.6 e I Tm 2.5) e o cabeça da Igreja (Ef 1.22 e 23 e Cl 1.18). O título "santo padre" quer dizer "santo pai", ou obviamente "pai santo". Sem dúvida alguma este título só deve ser dado a Deus (Ap 15.4). Pois Deus não divide a Sua glória com ninguém (Is 42.8). Para resumir as pretensões papais, quero citar o catecismo de New York citado por Lorraine Boettner:
"O papa assume o lugar de Jesus Cristo sobre a terra... Por direito divino o papa tem poder supremo e total na fé e na moral sobre cada e todo pastor e seu rebanho. Ele é o verdadeiro vigário de Cristo, o cabeça de toda a igreja, o pai e o mestre de todos os cristãos. Ele é o governador infalível, o instituidor dos dogmas, o autor e o juiz dos concílios; o soberano universal da verdade, o árbitro do mundo, o supremo juiz do céu e da terra, o juiz de todos, sendo julgado apenas por um, o próprio Deus na terra."
No apogeu do papado, foi "consagrado" ao papado o monge Hildebrando que exerceu o papado no período de 1073 a 1075 como título de Gregório VII. Assim que assumiu, Gregório VII publicou as suas máximas que ficaram sendo conhecidas como "máximas de Hildebrando". Segundo o autor Abraão de Almeida (in: Lições da História) essas máximas são consideradas a essência do papado. Este mesmo autor citas as máximas das quais transcrevi algumas:
1. Nenhuma pessoa pode viver debaixo do mesmo teto com outra excomungada pelo papa.
2. É o papa a única pessoa cujo os pés devem ser beijados por príncipes e soberanos.
3. A sua decisão não pode ser contestada por ninguém e que somente ele pode revisar.
4. A Igreja Romana nunca errou nem jamais errará, como as Escrituras testifica (Leia Obadias nos versículos 3 e 4).
PEDRO COMO PRIMEIRO PAPA
Vimos os títulos equivocados e arrogantes que o papa carrega sobre si. Agora veremos que a própria existência do papado é uma deturpação das Escrituras. É impossível abordar este assunto sem falar a respeito do trecho bíblico em que os católicos se baseiam para firmar a doutrina do papado: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja" (Mt. 16.13-20). Os católicos pegam esta afirmação de Cristo para afirmar que Pedro é a pedra ou rocha em que Cristo fundamentou a sua igreja, sendo assim o primeiro papa da igreja. Quando Cristo falou "...esta pedra..." não estava se referindo a Pedro, mas sim à anterior declaração de Pedro a respeito de Jesus – "Tu és o Cristo, O Filho do Deus vivo". Cristo é a pedra fundamental da igreja. Paulo afirmou: "Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já esta posto, o qual é Jesus Cristo." (I Co 3.11). No grego, a palavra Pedro é petros, do gênero masculino, enquanto pedra ou rocha é petra, do gênero feminino. O que Cristo disse: "Tu és Petros (masculino), e sobre esta petra (feminino) eu edificarei a minha igreja."
Mostra-se assim que Cristo não estava falando de Pedro como a pedra ou rocha, mas sim a respeito da declaração de Pedro – "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo." Se Pedro fosse a rocha, Cristo teria dito: "sobre ti edificarei a minha igreja", mas não disse. É interessante observar que na narrativa de Marcos a frase de Cristo: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja", é omitida (Mc 8.27-30). Marcos por muito tempo foi companheiro de Pedro e no seu evangelho há uma profunda influência do mesmo. Pedro chamava Marcos de filho (I Pe 5.13). Pedro em nenhum momento disse de si mesmo como a rocha ou pedra da igreja. Pelo contrário, sempre mostrou a Cristo como a pedra: "Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posto como cabeça de esquina" (At 4.11). Veja também I Pe 2.4-8.
Há também a afirmação católica que Pedro teria recebido as chaves do céu. É outra deturpação das Escrituras, baseada em Mateus 16.19: "Eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus." Não podemos entender a declaração de Cristo como se esta fosse somente dirigida a Pedro, mas esta é dirigida a toda igreja. Veja Mateus 18.15 a 18. Fica então patente aos nossos olhos que o ligar e desligar não refere-se apenas a um homem, mas à toda igreja, que têm a Cristo como cabeça , "...o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre" (Ap 3.7). O que seria abrir e fechar ou ligar e desligar que Cristo fala que a igreja realizaria com respeito as pessoas? O que se segue: quando a igreja prega o evangelho, abre o reino; quando deixa de pregar, o fecha. Isto fica bem claro quando observamos o "ai" de Cristo a respeito dos fariseus. "Mais ai de vós escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando." (Mt 23.13). Porque os fariseus fechavam o reino? Por não divulgarem corretamente as Escrituras, o Antigo Testamento, naquela época. Veja: "ai de vós, doutores da lei, que tiraste a chave da ciência; vós mesmos não entrastes, e impedistes os que entravam." (Lc 11.52). Assim observamos que quando a igreja prega o evangelho genuíno esta abre o reino dos céus, quando não, fecha o reino.
Ao analisarmos o trecho bíblico de Mt 16.13-20, devemos partir para a análise da afirmação católica que Pedro foi o primeiro papa. Se ele realmente foi o primeiro papa, o foi de maneira totalmente diferente dos padrões papais. Há um abismo enorme entre Pedro e os seus pretensos sucessores. A verdade é que Pedro não foi o primeiro papa e a ordenação de um dirigente humano universal para a igreja está totalmente contrária às Escrituras.
Jorge Buarque Lyra (in: Catolicismo Romano) argumentou muito bem: "Poderia, acaso, de alguma forma, um homem ser fundamento de uma obra divina? Se pudesse (admitindo-se o absurdo), tal obra deixaria de ser divina."
Vejamos as seguintes características de Pedro:
1ª) Pedro não era celibatário. Tanto que teve sogra curada por Cristo (Mc 1.29-31). O papa é celibatário, sendo o celibato uma imposição a todo o clero. Em I Timóteo está escrito: "Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e doutrinas de demônios; ...proibindo o casamento."
2ª) Pedro era pobre. "E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro..." (At 3.6). O papa está cercado de riquezas.
3ª) Pedro nunca esteve em Roma. Não é interessante observar que o chefe da igreja de Roma nunca esteve em Roma? Os católicos lançam mão de fontes extra-bíblicas para afirmar que Pedro esteve em Roma.
4ª) Pedro nunca consentiu que ninguém se ajoelhasse a seus pés. "E aconteceu que, entrando Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo, e, prostrando-se a seus pés, o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem." (At 10.25 e 26). O papa constantemente recebe este tipo de reverência e adoração.
5ª) Pedro não era infalível. "E, chegando Pedro a Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se apartando deles, temendo os que eram da circuncisão." (Gl 2.11 e 12). O papa é considerado infalível. A infalibilidade papal foi definida e aceita oficialmente em 1870 no Concílio do Vaticano I. A Igreja Católica demorou 1870 anos para considerar o papa infalível. É importante observar que não foi Deus que decidiu mas foram homens pecadores reunidos que chegaram a conclusão que o papa era infalível. Na Bíblia está escrito: "porque todos pecaram e destituídos da glória de Deus" (Rm 3.23) e ainda está escrito que quando dizemos que não temos pecado fazemos a Deus mentiroso. Veja: "Se dissermos que não pecamos fazemo-lo mentiroso, e a Sua palavra não está em nós." (I Jo 1.10).
6ª) Pedro não tinha a primazia na igreja. Observe o que Pedro escreveu: "Aos presbíteros, que estão entre vós, que sou também presbítero como eles e testemunha das aflições de Cristo..." (I Pe 5.1). Em At 8.14 está escrito: "Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a Palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João." Note bem: não foi Pedro que enviou alguns dos apóstolos, mas foram os apóstolos que lhe enviaram. Onde está a primazia de Pedro? Em At 11.1-18 vemos Pedro justificando-se perante a igreja. Quero destacar principalmente o versículo 2: "E subindo Pedro a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da circuncisão." Enquanto que a igreja Católica afirma que as decisões do papa não podem ser questionadas.
MARIOLATRIA
Entre os inúmeros pontos de divergências que existem entre Católicos Romanos e Evangélicos, um se destaca: Maria. Os católicos praticam a adoração à Maria, dando um maior destaque à mesma do que a Cristo. Já os evangélicos a consideram como um exemplo de vida cristã e humildade. Paulo deixou a advertência: "Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém." (Rm 1.25) Maria é criatura. Cristo é Criador. "Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam povos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado para Ele e por Ele." (Cl 1.16)
Veremos, neste estudo que as doutrinas católicas em relação à Maria carecem totalmente de base nas Escrituras. São doutrinas criadas por homens influenciados pelo paganismo. Adolfo Robleto escreveu bem: "Os egípcios tinham sua deusa Ísis; os fenícios, sua Astarte; os caldeus, sua Semíramis; os gregos, sua Ártemis; de maneira que o romanismo escolheu sua deusa feminina, e Maria foi a mais adequada para o caso."
A Mariolatria católica está sustentada no seguinte tripé:
1ª) Imaculada Conceição de Maria,
2ª) Perpétua virgindade de Maria
3ª) Assunção de Maria.
IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA
Este dogma afirma que Maria nasceu sem pecado, ou seja, ela não herdou a mancha do pecado original, e ainda se manteve sem pecado por toda a sua vida. Atribuem assim à Maria um atributo divino – a impecabilidade. Maria não poderia pecar e nunca pecou, segundo o catolicismo.
Este dogma só foi aceito oficialmente em 8 de dezembro de 1854, quando o papa Pio IX proferiu o seguinte:
"Declaramos e definimos que a bem-aventurada virgem Maria desde o primeiro momento de sua concepção, foi reservada imaculada de toda mancha do pecado original, por graça singular e privilégio do Deus Onipotente, em virtude dos méritos de Jesus Cristo, o Salvador da humanidade, e que esta doutrina foi revelada por Deus e, portanto, deve ser firmemente e constantemente crida por todos os fiéis." Com base neste dogma, a Igreja Católica celebra a festa da Imaculada Conceição.
É interessante observar que nem Maria sabia dessa sua suposta imaculada conceição. No seu cântico diz: "e o meu Espírito se alegra em Deus, meu Salvador." (Lc 1.47). Só um pecador é que necessita de um Salvador. Ela falou "...Deus meu Salvador". Quando depois do nascimento de Cristo, Maria levou as duas ofertas que a lei mandava, a oferta queimada e a oferta pelo pecado. (Lc 2.22-24 e Lv 12.6-8). Mas se não tinha pecado, para que levar as ofertas? Nas Escrituras, em nenhum momento, se afirma que Maria não cometeu pecado. Pelo contrário: "Pois todos pecaram e destituídos da glória de Deus." (Rm 3.23); "Não há um justo, nem sequer um." (Rm 3.10). Só Cristo é identificado como o único sem pecado. "Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós: para que nele fossemos feitos justiça de Deus." (II Co 5.21).
Os católicos gostam de usar o texto de Gn 3.15: "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar", para afirmar que Maria pisou a cabeça da serpente, ou seja, a cabeça do Diabo. Quando a promessa fala que é a semente da mulher (Jesus Cristo) que pisaria a cabeça da serpente. Veja Hb 2.14: "...para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o Diabo." E I Jo 3.8: "...para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo." Fica claro que a promessa de Gn 3.15 refere-se a Cristo, e não à Maria. Cristo é o que pisaria a cabeça da serpente.
A PERPÉTUA VIRGINDA DE MARIA
O segundo pé de apoio à doutrina católica sobre Maria é a sua perpétua virgindade. Os católicos afirmam que Maria, em toda sua vida, nunca conheceu sexualmente o seu esposo José. Fica evidenciado, nas Escrituras, que até o nascimento de Jesus, Maria foi virgem. Mas afirmar que ficou sempre assim é afirmar o que a Bíblia não afirma.
Em Mt 1.24 e 25 está escrito: "E José, despertando do sonho, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher: e não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus." Há dois aspectos interessantes nestes versículos: 1º) O "...até..."; mostra que José conheceu sexualmente Maria depois do nascimento de Cristo; e 2º) Jesus é chamado de primogênito, ou seja, Jesus é chamado de o primeiro filho gerado por Maria, mostrando que Maria gerou outros filhos. Deus chama Jesus de unigênito (Jo 3:16), ou seja, o único filho gerado. Fica claro que Jesus é o único filho gerado por Deus e o primeiro filho entre os filhos de Maria.
Em diversas passagens vemos que Jesus teve irmãos e irmãs. "Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele." (Mc 6.3). Veja também Mt 13.54-56. Paulo chegou a afirmar que os irmãos do Senhor eram casados (I Co 9.5). Por sua vez, os católicos crêem que quando se fala em irmãos, na verdade, está se referindo aos primos de Cristo, e que estes são filhos de uma irmã de Maria. Os católicos identificam três dos irmãos de Jesus com três dos discípulos que tinham os mesmos nomes: Tiago, filho de Alfeu; Simão, o Zelote; e Judas, filho de Tiago (Lc 6.15 e 16). O que é um tremendo equívoco, porque as Escrituras sempre mostram diferenças entre os discípulos e os irmãos do Senhor (Jo 2.12, Mt 12.46 e 47 e At 1.14) e a mais clara diferença está em Jo 7.5: "Porque nem mesmo seus irmãos criam nele." Isto é um cumprimento da profecia messiânica em Sl 69.8: "Tenho-me tornado como um estranho para com meus irmãos, e um desconhecido para com os filhos de minha mãe." Como pessoas que eram os discípulos do Senhor não iriam crer no Senhor? Mostra-se assim que estes discípulos não eram irmãos do Senhor.
Nas referências do N. T. sobre os irmãos de Cristo, a palavra grega que sempre é usada é adelfoV, adelphos (irmão), nunca se usou sungeneV, sungenes (parente) ou anhyioV, anepsiós (primos), palavra esta que Paulo usou em Cl 4.10 e que foi traduzida corretamente como primo.
Os católicos estão indo contra a essência do casamento quando afirmam que Maria e José nunca se conheceram sexualmente. A relação sexual no casamento é algo lícito e aprovado por Deus. Além do mais os católicos consideram o casamento como um dos sacramentos, caindo assim em contradição. Veja Gn 2.24: "Portanto deixará o varão o seu pai e sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne." Paulo recomendou que a abstinência sexual entre o casal durasse pouco tempo, em I Co 7.5: "Não vos defraudeis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás vos não tente pela vossa incontinência."
A ASSENÇÃO DE MARIA
A teologia católica é uma verdadeira colcha de retalhos, um remendo leva a outro. Como consideram que Maria foi concebida sem pecado, e ainda que viveu sem pecar, chegaram a mirabolante conclusão que seu corpo na morte não experimentou a decomposição e nem permaneceu na sepultura. "Um abismo chama outro abismo." Enquanto a profecia a respeito de Cristo diz: "Nem permitiras que o teu santo veja corrupção" (Sl 16.11) com referências em At 2.27-32 e At 13.33-37, fala a respeito do santo não ver a corrupção e nunca a uma santa não ver a corrupção.
Os católicos crêem que:
"No terceiro dia depois da morte de Maria, quando os apóstolos se reuniram ao redor de sua sepultura, eles a encontraram vazia. O sagrado corpo fora levado para o paraíso celestial. O próprio Jesus veio para levá-la até lá, toda a corte dos céus veio para receber com hinos de triunfo a mãe do divino Senhor. Que coro de exultação! Ouçam como eles cantam: Levantai-vos as vossas portas, ó príncipes, ó portas eternas para que a Rainha da Glória possa entrar." (descrição da tradição católica citada por Lorraine Boettner).
É de deixar pasmo o fato da Igreja Católica criar um dogma sem nenhuma base nas Escrituras. Nenhum dos apóstolos citam essa criação fraudulenta. Depois de At 1.14 há um profundo silêncio nas Escrituras a respeito de Maria, não se fala na morte e muito menos na assunção de Maria. Como pode criar-se um dogma sem base nas Escrituras? Um dogma que só foi elaborado em 1º de novembro de 1950 pelo mariólatra Papa Pio XII. As Escrituras deixam claro que a glorificação dos santos só acontecerá depois da volta de Cristo e não fala que Maria seria uma exceção. Veja I Co 15.20-23:
"Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo na sua vinda."
Os católicos ainda crêem que ao chegar aos céus Maria foi coroada "Rainha dos céus". Este título nunca foi dado à Maria nas Escrituras. Pelo contrário, a Bíblia condena este título, que tinha sido dado a uma falsa deusa. "Os filhos apanham a lenha, e os pais ascendem o fogo, e as mulheres amassam a farinha, para fazerem bolos à rainha dos céus, e oferecem libações a outros deuses, para me provocarem à ira." (Jr 7.18) Veja também Jr 44.17-23. Observamos que esse título mariano foi tirado de uma prática pagã totalmente condenada pela Bíblia.