Senador Jefferson Péres (PDT-AM) disse nesta quarta-feira (20) que o arquivamento da representação contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), caso ocorra, terá um impacto negativo junto à opinião pública.Se o Conselho de Ética arquivar o processo, vai ser um escândalo monumental. Se adiar, o senador Renan Calheiros fica extremamente fragilizado na Presidência. Eu não sei qual das duas decisões será pior para ele. A insistência do senador Renan Calheiros em permanecer no cargo nestas circunstâncias mostra que ele perdeu o senso da realidade e que não avaliou a enormidade da crise", disse Péres a jornalistas.
Não é a primeira vez que Jefferson Péres se posiciona abertamente pela renúncia do presidente do Senado. Ele também apresentou voto em separado contra o arquivamento do processo que investiga o senador alagoano.
Renan é acusado de receber ajuda do lobista Cláudio Gontijo para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de 3 anos. Relatório do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) pede o arquivamento do processo.
Está marcado para as 17h desta quarta a votação do relatório pelo Conselho de Ética do Senado. Entretanto, há senadores que defendem o adiamento para avaliar a perícia feita pela Polícia Federal nas notas fiscais apresentadas por Renan.
Péres repetiu a avaliação de que seria melhor Calheiros se afastar do cargo: "Se arquivarem hoje o processo e ele permanecer à frente do Senado, não sei se ele terá condições práticas de comando. Aceitaria [permanecer sob seu comando] porque legalmente eu não posso fazer nada, mas me sentiria quase sem motivo para continuar atuando como senador".
O senador criticou ainda o fato de senadores terem negociado com Renan Calheiros. "No Brasil de hoje parece que a ética está invertida, de cabeça para baixo. Têm coisas estapafúrdias que são encaradas como normais. Por exemplo, senadores membros do conselho de ética negociar com ele [Renan] o que fazer. Os investigadores negociando com os investigados. Os juízes negociando com o réu. Isso é um absurdo. Só nesse país acontece uma coisa dessa e não provoca indignação", concluiu.