segunda-feira, 7 de abril de 2008

A capa de Elias



Assembléia de Deus de Boston
Conselho de Doutrina e Comissão de Apologia CGADB repudiam modismos de Boston.
O Conselho de Doutrina e a Comissão de Apologia da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil (CGADB), presididos respectivamente pelos pastores Paulo Roberto Freire da Costa e Esequias Soares, reuniram-se mês passado em Campinas (SP) para elaborar manifesto repudiando os principais modismos que têm surgido especialmente em algumas igrejas brasileiras nos Estados Unidos, com repercussão no Brasil. O objetivo do manifesto é alertar o povo de Deus sobre ventos de doutrina advindos de Boston e que vão além da já propalada angelolatria, incluindo até o novo modismo da “unção da capa de Elias” (sic), que está se tornando comum em algumas igrejas brasileiras.
O estopim para a publicação deste parecer da Convenção Geral foi o lançamento do livro O Triunfo Eterno da Igreja, no final de agosto, de autoria do líder da Igreja do Avivamento Mundial Assembléia de Deus de Boston, pastor Ouriel de Jesus. Até então, o líder daquela igreja e seus seguidores insistiam em dizer que não estavam ensinando heresias, mas, muito pelo contrário, estavam sendo mal interpretados. Porém, com o lançamento do livro, toda essa argumentação caiu por Terra. A obra não só esposa os ensinamentos da igreja de Boston já difundidos, embora negados pela sua liderança, como também traz outras bizarrias teológicas, que chocam-se frontalmente com o ensino bíblico.
Os líderes da AD se preocupam ainda com a produção de modismos que surgem como subproduto das heresias de Boston. Um deles, que já está se tornando comum em algumas igrejas brasileiras, é a “unção da capa de Elias”. Alguns pregadores andam ensinando, baseados na passagem de 2 Reis 2.9-15, que se o crente quiser ser vitorioso em sua vida espiritual, deve receber a unção da capa de Elias. Tal unção repousaria sobre esses pregadores e poderia ser transmitida em série, bastando apenas que o pregador impusesse suas mãos ou jogasse seu paletó (que funcionaria como a tal capa) sobre seus ouvintes para que eles a recebessem.
Nessas sessões, algumas pessoas caem no chão, outras desmaiam e dizem ter “arrebatamentos”. O detalhe é que só o pastor da igreja ou o pregador podem despertar o “arrebatado” do seu transe, ninguém mais. As sessões da “capa” estão se tornando populares em alguns lugares e há até alguns “capistas” que estão fazendo novas versões desse modismo, onde a capa ou manto a ser recebido é invisível, pois seria “a capa de um anjo”.
Pastor José Wellington, líder da CGADB, analisa as razões pelas quais esses modismos infelizmente ganham terreno. Segundo ele, o relegar a Palavra de Deus e a ausência de avivamento são as principais causas. “Lamentavelmente, alguns perderam a visão do verdadeiro avivamento e estão criando os seus próprios meios para animar o povo, com marcas com e sem Jesus, cultos-show, recitais etc. Outros tentam o avivamento colocando atrás do pregador ‘abençoadas benzedeiras angelicais’, que invocam anjos. Tais métodos não apenas não produzem avivamento como também contrariam a Palavra de Deus”, afirma o líder.
Pastor Paulo Freire ressalta a importância de tal manifesto e condena esses novos modismos. “Precisamos combater esses modismos”, declara o líder.
Pastor Esequias Soares corrobora suas palavras, frisando a tal “unção da capa”. “Isso é uma invenção do homem e não uma doutrina, e está trazendo problemas para a igreja, porque a pessoa ora com imposição de mãos e quem recebe a oração tem de sentir um peso nas costas. Caso isso não aconteça, ela não recebeu a unção. É a mesma coisa ensinada no mormonismo, onde a pessoa precisa sentir um ardor no peito para ser abençoado, e se ela não sentir nada, ela não é fiel. Tudo isso não passa de pressão psicológica sobre as pessoas”, afirma o líder.
Parecer do Conselho de Doutrina e da Comissão de Apologia da CGADB
O avivamento de Boston e o livro O Triunfo Eterno da Igreja
Em 23 de agosto de 2003, a World Revival Church Assembly of God (Igreja do Avivamento Mundial da Assembléia de Deus), liderada pelo pastor Ouriel de Jesus, com sede na cidade de Boston, Estado de Massachussets (EUA), publicou um livro sob o título O Triunfo Eterno da Igreja, cujo lançamento se deu no mês de setembro.
Considerando que princípios doutrinários bíblicos foram seriamente feridos no referido livro, e considerando ainda a liturgia que vem aquela Igreja praticando sob o suposto “avivamento”, distanciando-se, em muito, da adotada pelas Assembléias de Deus em todo o mundo, membros do Conselho de Doutrina e da Comissão de Apologia da CGADB reuniram-se nos dias 12 a 17 de outubro de 2003 para avaliar não só o livro em foco, mas também o tal “avivamento” que está sendo pregado por aquela igreja, e emitir, em razão disso, o seu parecer.
A publicação do livro O Triunfo Eterno da Igreja marca a ruptura definitiva da World Revival Church Assembly of God com as Assembléias de Deus, em particular, e com as demais igrejas cristãs evangélicas, pois o livro se apresenta como a última revelação de Deus. Seu representante – o pastor Ouriel de Jesus – considera-se a si mesmo como possuidor de uma unção especial, acima de todos os homens. Considera todas as demais igrejas fora do padrão divino, além de emitir vários outros ensinos contrários à Bíblia. São ensinos inovadores, eivados de aberrações doutrinárias, que estão causando divisão no Corpo de Cristo.
As seitas nasceram sob revelações adicionais a líderes, que se consideravam possuidores de unção acima dos outros homens. Há nesse livro muitas características que aparecem também nas seitas.
Fundamentos falsos
O livro O Triunfo Eterno da Igreja (que passará a ser abreviado nesse texto como TEI) traz em suas Considerações do Pastor Ouriel de Jesus (pág 21) o seguinte depoimento:
“Registro aqui a minha perplexidade pela grandeza das revelações que tive a oportunidade de receber ao ter o privilégio de – juntamente com o Grupo de Oração em arrebatamentos de sentidos – adentrar à Sala das Escrituras para, juntos, lermos o livro que foi selado pelo profeta Daniel para o tempo do fim (Dn 12.4), que são, também, as coisas inefáveis que o apóstolo Paulo ouviu no Paraíso e não pôde dizer a sua geração (2Co 12.1-4), bem como o livrinho comido pelo apóstolo João (Ap 10.9-10)”.
O pastor Ouriel afirma que o conteúdo do seu livro é “o livro selado pelo profeta Daniel para o tempo do fim” (Dn.12.4), que é também “as coisas inefáveis” que o apóstolo Paulo ouviu no Paraíso “e não pôde dizer a sua geração (2Co 12.1-4)” e o “livrinho comido pelo apóstolo João (Ap. 10.9-10)”. Esse argumento é infundado e está baseado numa interpretação inventada que não resiste à exegese bíblica. O livro selado de Daniel é a parte apocalíptica do próprio livro do profeta Daniel, que conhecemos em nossa Bíblia. Quanto às coisas inefáveis ouvidas no paraíso por Paulo, nenhum registro deixa-nos a Bíblia para deduzir a revelação delas em qualquer tempo. Já o livrinho comido pelo apóstolo João trata-se de uma parte do livro selado com sete selos, que, após a abertura do último selo, aparece como “livrinho aberto” (Ap 10.2), e não selado.
A linha herética do TEI fica evidenciada nos subtítulos que aparecem na sua capa e que dão o tom de todas as supostas revelações. Se não, vejamos:
1) “Revelações do livro selado pelo profeta Daniel para o tempo do fim”
A referência de Daniel 12.1 e 4 trata-se de uma mensagem figurada de caráter antropomórfico – uso comum na literatura apocalíptica – que não pode ser interpretada com outro sentido senão o que lhe foi proposto. O livro acerca do qual Daniel está falando é apenas um modo figurado de falar e se refere a informações abscônditas que o profeta não tem condições de entender. Na literatura apocalíptica, um livro selado (Ap 5.1-3) indica uma questão que não pode ser revelada, ou que não pode ser entendida, embora possa ser lida (Is 29.11). Mais: a revelação divina transmitida a Daniel – e que o profeta não pôde entender – cobre um período específico na História; não ultrapassa este limite. Isto significa que qualquer interpretação literal do texto fere frontalmente à ciência da interpretação.
Não há aqui evidência alguma de um outro livro oculto no Céu, mas de uma ordem para se preservar e guardar a mensagem que Daniel recebeu para um tempo apropriado. Isso pode ser confirmado por qualquer expositor do Antigo Testamento ao longo da história do Cristianismo. O próprio Senhor Jesus Cristo deixou claro que isso já era de conhecimento dos judeus da sua geração (Mt 24.15). Portanto, a afirmativa de que o conteúdo do TEI é “o livro selado pelo profeta Daniel” é espúria, é de alguém imberbe, sem nenhum conhecimento dos fundamentos da exegese e da hermenêutica; são compreensões infantis, de cunho nostradâmico, e revela o despreparo teológico do autor.
2) “Revelações das coisas inefáveis que o apóstolo Paulo ouviu no Paraíso”
Com referência às palavras inefáveis que o apóstolo Paulo ouviu no Paraíso, encontra-se registrado em 2 Coríntios 14.4: “Foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito falar”. Não há na descrição bíblica qualquer menção da existência de um livro. Além disso, o próprio texto sagrado afirma que ao homem não é lícito falar. No entanto o TEI acrescenta: “não pôde dizer à sua geração”, expressão que não se encontra na Bíblia. É, portanto, uma idéia sem sustentação bíblica.
3) “Revelações do livrinho comido pelo apóstolo João”
Relativamente ao livrinho que o apóstolo João comeu, assim se acha a descrição bíblica: “E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E ele disse-me: Toma-o e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como o mel”, Ap 10.9. Há na interpretação exarada na obra do pastor Ouriel uma série de contradições relacionadas a esse “livrinho aberto”. Se trata-se de um livrinho aberto, logo nada há para ser revelado. Além disso, o ato de “comer um livro” indica dominar o seu conteúdo, recebendo-o no mais íntimo do seu ser.
Além disso, o suposto apóstolo João diz na página 51 da obra em tela, no seu primeiro parágrafo:
“Por essa razão, alegrei-me muito e me senti profundamente feliz e realizado ao saber que a Igreja do Cordeiro, nos dias de maior turbulência e angústia na Terra, viverá os melhores e maiores momentos da sua história, levará a término sua missão e conquistará todos os espaços em todas as áreas e segmentos da sociedade conforme o que está escrito no Livro Eterno, ao afirmar que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus”.
O contexto histórico do capítulo 10 de Apocalipse é escatológico. Trata-se aqui do período da Grande Tribulação. Já na página 354, penúltimo parágrafo, a obra afirma que o Arrebatamento da Igreja precederá à Grande Tribulação e isso se acha de acordo com o que cremos e pregamos. Como, então, a Igreja “viverá os melhores e maiores momentos da sua história?”
Unção especial
O TEI traz, logo na sua introdução, um teatro para exaltar o seu líder, na parte intitulada Considerações do Pastor Ouriel de Jesus, como se segue:
“O Céu se abriu e nós vimos e ouvimos o Pai dizendo ao Filho: ‘É hora de a Igreja ser tirada da Terra, pois não está conseguindo cumprir sua missão’, e Jesus Cristo, com um olhar de preocupação, não respondia palavra. Foi quando pudemos ver o Espírito Santo interceder pela Igreja pedindo ao Pai que lhe fosse dada mais uma oportunidade.”
“Foi no momento dessa experiência sobrenatural que eu disse a Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo que eu estava disposto a pagar o preço que fosse necessário para que um avivamento viesse sobre a Igreja ao redor da Terra.”
“Nesse momento, eu ouvi a voz do Pai de forma bem clara, dizendo: ‘O preço é muito alto. Você será caluniado. Vão tentar excluí-lo de sua denominação e vão persegui-lo muito e os seus próprios amigos o chamarão de herege’. Nesse momento, perguntei ao Pai: ‘Quais serão os benefícios de todo esse preço?’ Ele me respondeu: ‘Multidões de almas ao redor da Terra’. Então, eu disse a Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo que podiam contar comigo para o desafio desse grande e último avivamento do tempo do fim (págs. 21 e 22)”.
Com estas declarações – e não há como interpretá-las de outra maneira – o visionário, alegando ainda que esteve diante do Trono de Deus, coloca-se como a quarta pessoa na Deidade, impedindo o Arrebatamento da Igreja, postando-se como alguém capaz de fazer um trabalho que nem o Filho pôde fazer. Segundo ele, o Senhor Jesus, demonstrando-se preocupado, é censurado pelo Pai, quedando-se silente, sem qualquer resposta.
À luz da Bíblia essa invenção é blasfêmia, pois reduz a Divindade à condição humana. Além disso, nenhum personagem da Bíblia chegou diante do Trono de Deus e nenhum deles jamais falou diretamente com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo numa reunião. Aliás, não há reunião desse tipo descrita na Bíblia. Só na Vinda de Jesus veremos a Deus como Ele é (1Jo 3.2).
Jesus disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). A Bíblia diz ainda: “O Espírito penetra todas as coisas, até as profundezas de Deus” (1Co 2.10). O texto do TEI afirma que o Filho permanecia calado, com preocupação, diante de uma censura do Pai. Isso é um ultraje à Santíssima Trindade, visto que os três são iguais em glória, poder e majestade (Mt 28.19; 1Co 12.4-7; 2Co 13.13; Ef 4.4-6).
O líder é apresentado no livro como “Anjo de Fogo”, com intimidade e convivência com as três Pessoas da Trindade e com os anjos, de modo que ele se coloca como alguém superior aos profetas e aos apóstolos da Bíblia. Coloca-se, sobretudo, como uma espécie de quarta pessoa na Deidade.
Revelação adicional como fonte de autoridade
A observação encontrada logo no início do livro de que o referido livro não pretende ser comparado à Bíblia, ou mesmo substituí-la, é desfeita ao longo da obra, com as prerrogativas que o TEI apresenta sobre si mesmo. Essa observação per si é suspeita. Desnecessário dizer que um determinado livro não é igual ou superior à Bíblia, pois todo o mundo tem ciência de que a Bíblia é um livro sui generis, inspirado e a única regra de fé e prática. Todavia, o TEI se coloca como revelação recebida de forma sobrenatural, diretamente de Deus, pelo autor do livro, juntamente com seus companheiros, vindo de uma suposta Sala das Escrituras no Céu, como literatura de caráter singular, cujas palavras são infalíveis para nortear as igrejas em toda a Terra. De fato, assim se acha registrado:
“Deste Livro, o qual foi recebido sobrenaturalmente por ele e pelo Grupo de Oração da World Revival Church Assembly of God entre outubro de 2002 e fevereiro de 2003” – (Prefácio, pág. 14).
“Literatura singular...feita de forma sobrenatural – do livro selado pelo profeta Daniel, comido pelo apóstolo João e das coisas inefáveis que o apóstolo Paulo ouviu no Paraíso acerca das quais não pode falar” (Prólogo, pág. 16).
“Ele nos falou diretamente acerca de profundos mistérios do Seu coração concernentes ao conteúdo deste Livro, bem como outros referentes a este grande e último avivamento do tempo do fim” (pág.19).
Como um livro com essas características não está reivindicando autoridade? A fé cristã está fundamentada exclusivamente nas Escrituras Sagradas (Is 8.20). Acrescentar algo à Palavra de Deus é pecado (Dt 4.2; 12.32; Pv 30.5-6; Ap 22.18-19). Os fundadores de seitas trouxeram revelações adicionais para os seus movimentos, como Maomé, Joseph Smith Jr., Allan Kardec, Ellen White, Charles T. Russell, Mary Baker Eddy, Reverendo Moon.
A autoridade dos profetas e apóstolos
O líder, subscritor de O Triunfo Eterno da Igreja, considera-se portador de uma unção acima de todos os homens, igual ou até superior a dos apóstolos do Novo Testamento, afirmando, ainda, que recebeu a mesma unção recebida pelo rei Davi. Em outras palavras, toda a raça humana deve prestar a ele a mesma obediência prestada à Bíblia. De fato, em seu livro se acham os seguintes registros:
“Eu, João, agradeço muito a Deus por saber que na eternidade estarei ao lado dos maiores apóstolos e profetas que farão, juntamente com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, a Grande Colheita dos últimos tempos. Já me foi revelado que, nos últimos dias, o Pai escolherá um homem que será conhecido como ‘Anjo de Fogo’ e, juntamente com ele, será formado e discipulado pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo, um grupo que será conhecido como apóstolos e profetas do grande e último avivamento” ( pág. 128).
“Pude vê-lo também trabalhando ao lado de um servo de Deus que será conhecido no mundo espiritual como ‘Anjo de Fogo’ devido à autoridade, à fé, à coragem, à ousadia e à unção que ele estará recebendo do Deus Altíssimo para ver a Terra ser envolvida pela glória do Senhor e pela abrangência que essa obra do tempo do fim alcançará, visto se tratar da última missão do arcanjo Jadiel, o qual, recebendo as ordens do Altíssimo, estará cumprindo a sua ultima missão com determinação e fidelidade absoluta” (pág. 338).
“Esse líder, o qual será o primeiro a receber a visão da grande obra do tempo do fim, assumirá sem restrição alguma o desafio com a ajuda do Altíssimo e introduzirá essa obra do tempo do fim em toda a Terra sem se preocupar com o preço a ser pago, com as renúncias que terá que fazer e com as perdas de amizades que terá ao se apresentar voluntariamente para introduzir e ver a grande obra do tempo do fim ao redor da Terra ser realizada com os seus frutos em abundância” (pág. 338).
“...ocasiões específicas, fui levado a uma tão intensa e profunda comunhão e intimidade com o Senhor, que recebi dEle essas revelações estando no Paraíso...” (pág. 342).
“E há de ser que, nos últimos dias, Eu levantarei um homem junto com os seus valentes. Da mesma forma que ungi Davi, Eu, o Espírito Santo, o ungirei, e do mesmo modo que ungi seus valentes, assim ungirei os valentes que estarão com ele e eles serão chamados de ‘a nova geração de apóstolos e profetas do Avivamento’ levantada para preparar o caminho como precursores da Volta de Cristo” (pág. 131).
Esse texto se parece com a profecia messiânica de Jeremias 23.5-6.
A suposta apostasia da Igreja
O TEI parece afirmar, como fazem as seitas (Mórmons, Adventistas do Sétimo Dia, Testemunhas de Jeová, entre outras), que a Igreja se apostatou no início do segundo século de nossa era, vindo a ser restaurada só em 14 de setembro de 2001. Isso essas seitas o fazem para dizer que todos aqueles que a elas não pertencem se acham em caminhos errados e necessitam se converteram à religião deles. No teatro forjado sobre a suposta reunião da Trindade, afirma o TEI que a Igreja não está cumprindo a sua missão na Terra.
“Felizmente, essa brecha foi imediatamente fechada no dia 14 de setembro de 2001 AD, com a chegada do grande e último Avivamento do tempo do fim” (pág.85).
“Devido às brechas abertas a começar a reinar no ano 101 da Era Cristã por descuido da liderança da época...” (pág. 249).
“Para os inimigos do grande e último Avivamento, essas revelações e manifestações trarão confusão, nervosismo, irritação e grande ira, pois não poderão crer, visto que o seu entendimento estará endurecido para tais maravilhas e manifestações, porém a Igreja ao redor da Terra desfrutará dessa dimensão até o arrebatamento” (pág. 124).
“Os santos do grande e último Avivamento serão rejeitados por líderes religiosos que não vão querer abrir mão de certos privilégios” (pág. 184).
“Essas ações anularão tradições, costumes, sistemas, resistências impostas pelos líderes que não entenderam e não aceitaram o propósito de Deus para a Sua Igreja no derramamento do Espírito Santo nesse tempo do fim, bem como não entenderam o tempo da visitação de Deus nos últimos dias: o tempo do grande e último Avivamento do tempo do fim” (pág. 237).
O Senhor Jesus Cristo garantiu que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Igreja (Mt 16.18). A Bíblia diz ainda: “A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém!”, Ef 3.21. Não é verdade, pois, que a Igreja não está cumprindo sua missão na Terra.
Sobre os anjos
O TEI apresenta um número considerável de “mistérios de Deus” ou “segredos ocultos”. Além disso, defende manifestações exageradas de anjos. Tudo leva a crer que o livro tem o propósito de promover o líder da Igreja em Boston, com o seu grupo, e legitimar o exagero dos anjos no seu movimento.
Comportamento que se identifica perfeitamente com os gnósticos dos dois primeiros séculos da Era Cristã, os quais fundamentavam sua crença nos “mistérios de Deus” e na teoria da emanação, o “culto dos anjos”, questões feridas pelo apóstolo Paulo em Colossenses 2.18.
O TEI revela ainda a existência de anjos extra-bíblicos, como Elifelete e Jadiel (pág. 337). É verdade que a Bíblia não revela tudo o que aconteceu no período bíblico e nem tudo o que está no Céu, mas o compromisso do cristão é com o que está escrito (1Co 4.6).
Conclusão
No conteúdo da obra examinada, como exposto, há previsões exageradas e repetitivas em torno do movimento que vem ocorrendo em Boston, EUA, sob a liderança do pastor Ouriel de Jesus.
As palavras provindas do “Trono” (no dizer do líder do livro), de que o preço a ser pago é muito alto (será caluniado, excluído da sua denominação, chamado de herege pelos próprios amigos), são uma exteriorização do que se acha instalado no seu íntimo. É a chamada “síndrome de perseguição”. Com receio de que suas visões não serão aplaudidas, nem muito bem recebidas, pelos que se acham atentos às profecias bíblicas para os últimos dias, já previamente faz a sua defesa. Aliás, é comportamento esposado por todos os implantadores de seitas. De outro lado, em todo o livro e na descrição das suas visões, o indigitado líder deixa transparecer a teomania de que se acha tomado.
Em face de todo o exposto, é do parecer do Conselho de Doutrina e da Comissão de Apologia da CGADB, que o pastor Ouriel de Jesus, uma vez que se acha vinculado à Igreja no Brasil, propor à Mesa Diretora da CGADB convocá-lo para justificar seu comportamento destoante da doutrina bíblica pregada pela Igreja, bem assim se retrate das aberrações doutrinárias registradas no livro O Triunfo Eterno da Igreja, por ele subscrito.
Pastor Paulo Roberto Freire Costa
Presidente do Conselho de Doutrina
Pastor Esequias Soares
Presidente da Comissão de Apologia
Mesa Diretora da CGADB comunica o desligamento do Pr. Ouriel de Jesus e da AD em Boston - EUA
A Mesa Diretora da CGADB esteve reunida nesta quarta e quinta na sede da Convcenção geral, no Rio, para deliberar sobre diversos assuntos pendentes desde a última reunião, principalmente sobre os acontecimentos advindos de Boston, nos Estados Unidos, sobre o comportamento e práticas usadas pela "World Revival Church", liderada pelo Pr. Ouriel de Jesus.
De acordo com os últimos acontecimentos ocorridos naquela igreja, principalmente do lançamento do livro "O Triunfo Eterno da Igreja", onde o referido pastor alega ter recebido de Deus as revelações do "Livro selado por 7 selos", do "Livrinho comido por João" e das "Coisas inefáveis vistas por Paulo no paraíso", o presidente da CGADB, Pr. José Wellington Bezerra da Costa, solicitou pareceres da Comissão de Apologética e do Conselho de Doutrinas da CGADB, os quais repudiaram tais afirmações e as práticas liturgicas daquela igreja. Estes pareceres foram publicados no Jornal Mensageiro da Paz n° 1422 - Novembro/2003.
Nesta quarta-feira, 29/10/2003, a Mesa Diretora da CGADB homologou o desligamento do Pr. Ouriel de Jesus do rol de ministros da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil