"O $how tem que parar."
O pastor Paulo Siqueira (foto), organizador de protestos durante a Marcha para Jesus, e que chegou a ser agredido em uma das edições do evento, afirmou em entrevista que “está acontecendo um mover em prol de uma Reforma em tudo, pois a verdade precisa prevalecer”, referindo-se ao movimento evangélico brasileiro.
Siqueira, que é pastor licenciado da Igreja do Evangelho Quadrangular, entende que o evento que atrai milhões de pessoas virou “palanque político”, e se tornou um mercado de negócios “e lucros para gravadoras”.
Na entrevista ao site Folha Renascer, afirmou que “Silas (Malafaia), (Edir)Macedo, (Estevam) Hernandes, Valdemiro (Santiago), Renê (Terra Nova), R. R. Soares, apesar de estilos diferentes, são todos farinha do mesmo saco: utilizam-se do pragmatismo em seus ministérios. Todos vivem e pregam suas verdades absolutas, e seus ministérios têm um único sentido: a exaltação do eu e a supremacia do ego humano”.
Sobre seus protestos durante a Marcha, em que usa o slogan “Voltemos ao evangelho puro e simples, o ‘$how’ tem que parar”, Siqueira afirmou que não é contra a Marcha para Jesus, mas que atualmente não apóia o evento porque virou negócio: “O que somos contrários é a mercantilização que ela se tornou. Hoje a marcha é de tudo, menos de Jesus”.
Para Paulo Siqueira a Marcha para Jesus se tornou uma atração de entretenimento. “reunião de crente para sambar e dançar axé, paquerar, beijar na boca, como uma balada qualquer, só isso é uma grande perda de tempo. Onde está a pregação da Palavra que transforma, que chama o ser humano ao arrependimento, a Palavra inspirada por Deus que liberta, quebranta, e faz nascer novas criaturas diante de Deus?”, questiona.
Resignado, o manifestante conta que seus protestos já resultaram em agressão física e perda de amigos: “perdemos o respeito de algumas pessoas, andamos com medo de sermos agredidos ou até mortos por membros de certas igrejas. Na última Marcha, fomos agredidos de forma covarde pelos seguranças de uma igreja. Identificamos os agressores de forma até fácil, foi só ir aos cultos de certa igreja. Porém descobrimos que eles eram policiais, e segundo orientação de membros dissidentes da igreja deixamos o caso de lado, pois se foram capazes de nos agredir no meio da multidão, o que não são capazes de fazer conosco na calada da noite?”.
Ele conta ainda que essas consequências fizeram com que pessoas próximas, que antes eram ativistas como ele, abriram mão de lutar pelo que acreditavam: “Alguns irmãos do movimento, por medo de alguma represália a seus familiares, desistiram do movimento”.
Leia abaixo, a íntegra da entrevista concedida por Paulo Siqueira:
Paulo, o senhor realmente é pastor da Igreja Quadrangular? Se sim, você continua exercendo seu ministério?
No momento estou fora do ministério pastoral, pois todos meus esforços estão nos meus estudos e no Movimento pela Ética Evangélica Brasileira. Deixei meu ministério por não querer envolver a igreja neste projeto e por também não concordar com muitas coisas dentro da IEQ, que também passa por turbulências doutrinárias e desvios terríveis na sua liderança. Eu e minha família estamos bem, como simples membros de uma igreja no interior de São Paulo, onde já fui membro do ministério, mas apesar de todo respeito que temos do pastor, da liderança e dos membros, insisto em ser apenas um membro do Corpo. No momento, meu foco é principalmente na minha vida acadêmica, e também no objetivo de publicar minhas pesquisas sobre a realidade da igreja brasileira. Busco no momento o mestrado e apoio na publicação das minhas pesquisas.
Em relação ao ministério, continuo atuando quando convidado em congressos, fóruns e cultos regulares na igreja de amigos que reconhecem minha ordenação. Não faço questão do título pastoral, porém devido à minha formação acadêmica e ao reconhecimento de muitos amigos, ainda sou chamado de pastor por alguns, o que para mim não faz a mínima diferença. Meus esforços são para ser chamado por Deus no grande dia do trono branco. (Mateus 7:20-23)
Não aceito convites para ministração em igrejas frutos de divisões ou rachas turbulentos, como muitos que fazem parte do cotidiano eclesiástico. Não aceito nenhuma forma de pagamento por minhas ministrações, nem mesmo apoio na condução. Meu ministério é totalmente isento de fundos financeiros. Sou um sacerdote e não um homem de negócios. Pois o que de graça recebi, de graça dou.( Mateus 10:08)]Quero deixar claro que foi minha a opção de sair do ministério, já recebi vários convites pra assumir igrejas no interior e em São Paulo, ou para dar aula em seminários ou até mesmo para atuar como co-pastor. Para estar à frente do movimento, é preciso estar livre de qualquer laço eclesiástico, pois é preciso liberdade para agir e assumir as responsabilidades sem prejudicar ninguém.
O apóstolo Estevam em entrevista a revista Kerigma em 1990 afirmou que “movimento como esse, liderado pelo bispo Macedo, não aconteceriam” se as igrejas evangélicas estivessem abertas as necessidades do povo. O também pastor Silas Malafaia aderiu recentemente a moda da Teologia da Prosperidade. Na sua opinião, o que aconteceu com estes e tantos outros líderes?
Primeiramente é preciso dizer que Silas, Macedo, Hernandes, Valdemiro, Rene, R. R. Soares, apesar de estilos diferentes, são todos farinha do mesmo saco: utilizam-se do pragmatismo em seus ministérios. Todos vivem e pregam suas verdades absolutas, e seus ministérios têm um único sentido: a exaltação do eu e a supremacia do ego humano. Para isso, em tempo e histórias diferentes todos buscaram apoio nas mesmas fontes: o pentecostalismo em decomposição americano. No retorno ao Brasil, se posicionaram como inventores da roda, ou como aqueles que acabaram de encontrar Deus no Monte Sinai, com suas verdades absolutas nas mãos, como as tábuas da Lei.
A partir disso, a história está aí para todos verem. Uns estão no auge, outros na moda, e outros em decadência (acredito que em extinção). Nessa busca desenfreada “pelo sucesso”, quem ficou para trás foi a revelação da Palavra de Deus, a vontade de Deus e Seu Reino, e logicamente os que sofrem e clamam por justiça e paz. Digo isso não como mero expectador, mas como um pesquisador da realidade de muitas igrejas. Não falo simplesmente do que ouço ou leio, mas sim do que vejo, pois participo de muitos cultos, de reuniões e encontros de conselhos de pastores, e tenho muitos amigos no ministério, sem contar o contato com as diversas pesquisas sobre o fenômeno religioso.
Para isso, é possível exemplificar com a realidade da própria Renascer. Eu conheço a Renascer desde seus cultos iniciais com Tio Cássio e sua turma. Participei de muitos cultos nas segundas-feiras, participei de encontros, congressos, de ordenações, santas-ceias, ou seja, conheço um pouco da história, e sei bastante dos bastidores, pois tive muitos colegas que migraram para o ministério, quando a Renascer ainda era a “bola da vez”. Por isso, posso afirmar que não só o Macedo, mas muitos líderes eclesiásticos, se esqueceram do povo no meio do caminho. Esqueceram-se da ordenação de Pedro: não se esqueçam nem dos órfãos e nem das viúvas.
Você é o responsável pelas manifestações contra a Marcha para Jesus. O slogan “Voltemos ao Evangelho Puro e Simples. O show tem que parar”, quer dizer o que? Qual o intuito da manifestação?
Primeiramente é preciso dizer que não somos contra a Marcha para Jesus, ao contrário, somos a favor que ela seja realmente para Jesus. A marcha, em seu propósito inicial, é um grande evento para a evangelização de muitos. O que somos contrários é a mercantilização que ela se tornou. Hoje a marcha é de tudo, menos de Jesus.
Ela é palanque político, ela é palco para apresentação e lucros de gravadoras. Ela é a forma de exaltação humana e ministerial. Ela é a forma de barganha com o poder público, pois serve de vitrine e capacitação daqueles que buscam o poder através de votos. Enfim, serve para tudo, menos para louvar e engrandecer ao Nome do Senhor. Nossa luta é que a marcha volte a ser realmente de Jesus. No ano passado demos um exemplo: fomos com um grupo doar sangue no banco de sangue do Hospital das Clínicas. Eu pergunto: o que a marcha faz em prol dos que sofrem? Nem alimentos são recolhidos! Sou até a favor de recolher uma oferta em prol de desabrigados, ou para socorrer vítimas de desastres naturais, que todo dia acontece. Seria uma forma de dizer ao mundo que a igreja se importa com o sofrimento e a dor de muitos. Agora, reunir dois, três milhões de pessoas para exaltação humana, isto merecia fogo do céu.
Eu e minha esposa Vera, indignados com a realidade da igreja brasileira, há muito tempo buscávamos diante de Deus alguma direção para que algo fosse feito a fim de que muitos tivessem seus olhos abertos para a realidade da vontade de Deus para a Sua Igreja e para o mundo. É preciso lembrar que sou um teólogo e um estudioso da Palavra de Deus desde minha infância. Espiritualidade para nós é nosso modo de vida. Com isso, após acompanhar o retorno da família Hernandes, após a prisão nos EUA, para o Brasil, e ver que mais uma vez o dinheiro, a mentira e as armações políticas iriam prevalecer diante de toda a sujeira pecaminosa envolvendo o contexto, numa noite, enquanto voltava da faculdade, tive em minha mente essa frase: “voltemos ao Evangelho puro e simples, o $how tem que parar”. Corri para minha casa, comuniquei minha esposa, e assim nasceu o slogan do movimento.
Voltemos ao Evangelho, por quê?
O que temos visto em muitos púlpitos são movimentos puramente humanos, reflexos da vaidade e da soberba de muitos homens, totalmente em desacordo com as tradições e contextos históricos do verdadeiro cristianismo. São atos que transformaram a igreja em um verdadeiro picadeiro ou palco, onde o misticismo, as mágicas, as palavras desencontradas ou até mesmo dirigidas por técnicas de neurolinguistica, fazem com que a herança cristã não seja a essência em muitas igrejas.
Exemplifico com a exacerbação do poder pessoal do pastor ou do líder, que se auto intitula apóstolo, bispo, patriarca, etc., fazendo com que não haja espaço para outro senhorio, a não ser o do líder, que no caso da Renascer chegou aos extremos, ao ponto de membros da igreja tatuarem em seus corpos que morreriam pela sua liderança.
Puro e simples, por quê?
Porque os evangelhos nos mostram, através da vida dos apóstolos e da Igreja Primitiva, que devemos seguir a simplicidade de Cristo, e acima de tudo, a Sua pureza, tanto na vida pessoal como na vida espiritual, nos alertando a viver uma vida em santidade. Isso quer dizer que nossa vida cotidiana deve seguir os padrões morais e éticos dentro das essências do Evangelho. Para isso, o Senhor Jesus nos enviou o Espírito Santo, para nos capacitar com os Seus frutos na vida neste mundo tenebroso. Isso quer dizer que aquele que vive segundo os preceitos bíblicos não vive segundo a ganância e os desejos do mundo. Isso inclui todos os desejos pertencentes ao contexto mercadológico do mundo, pois prosperidade é uma das grandes promessas de Deus, porém não é fruto de vaidades e ganância.
O $how tem que parar, por quê?
Porque a casa de Deus é casa de oração, casa de súplicas, local santo, onde homens e mulheres se achegam diante de Deus para O louvarem e Lhe render graças. Não é local para exaltação humana, mas ao contrário, é o local onde os humanos se anulam para que o Criador seja exaltado, pois Ele é o único digno de ser louvado.
O $how tem que parar porque a igreja perdeu sua identidade, perdeu sua herança histórica. Muitos frequentadores de igrejas evangélicas nada sabem da história do cristianismo, de seus valores e de todo o contexto litúrgico, histórico, que envolve o ser igreja. Basta, para isso, buscarmos em muitas igrejas marcas da Reforma Protestante, marcas de um verdadeiro protestantismo. Muitas igrejas pentecostais nem sequer sabem o porquê do pentecostalismo. Com isso, o que temos é uma igreja como instrumento de entretenimento pessoal e social, muitas igrejas se tornaram verdadeiros clubes sócias, onde encontro minha tribo, onde vou desfilar meu tênis, meu celular, meu perfume minhas roupas caras. E hoje, com a Teologia da Prosperidade e os movimentos místicos e mágicos, muitos cultos se distanciaram de forma assustadora das essências do cristianismo.
Se a marcha para Jesus fosse liderada por outra pessoa, o senhor apoiaria?
Como disse anteriormente, não tenho nada contra a Marcha. Sou totalmente a favor, desde que ela seja fundamentada na evangelização e resposta à responsabilidade social da igreja para com o mundo.
Agora, reunião de crente para sambar e dançar axé, paquerar, beijar na boca, como uma balada qualquer, só isso é uma grande perda de tempo. Onde está a pregação da Palavra que transforma, que chama o ser humano ao arrependimento, a Palavra inspirada por Deus que liberta, quebranta, e faz nascer novas criaturas diante de Deus?
Muitos desses sermões não podem ser pregados, pois os líderes não têm autoridade moral para pregar contra o pecado. Então tudo se resume a falsas promessas, busca de poder e testemunhos para exaltação humana. Enquanto a Marcha for palanque político e fugir dos verdadeiros propósitos da sua existência, nós estaremos lá para dizer a todos que Deus está esperando seu povo acordar do sono da indolência e da preguiça. Oramos para os olhos de muitos sejam abertos para isso.
O povo evangélico tem um débito muito grande com o Brasil, por conta da ganância de alguns líderes, que só enxergam seus umbigos sem olhar para mais ninguém. Dizia-se no início da marcha: o Brasil será do Senhor Jesus. Quando??? A Palavra nos diz que Ele não barganha sua glória com ninguém.
Como outro líder, se a Marcha tem dono e até registro de patente, o que a torna uma marca registrada, um produto de uso exclusivo de um único grupo? Qualquer utilização da Marca registrada incorrerá em ônus financeiro. Então, como é possível outro líder?
Isso só seria possível se houvesse uma renúncia ou a união verdadeira através do reconhecimento de outros ministérios. É o primeiro passo para que a Marcha volte a ser realmente de Jesus, e deixe de ser um evento eleitoreiro e mercantilista.
As manifestações na marcha para Jesus já tiveram consequências graves para vocês?
Sim, claro. Perdemos amigos, perdemos o respeito de algumas pessoas, andamos com medo de sermos agredidos ou até mortos por membros de certas igrejas. Na última Marcha, fomos agredidos de forma covarde pelos seguranças de uma igreja. Identificamos os agressores de forma até fácil, foi só ir aos cultos de certa igreja. Porém descobrimos que eles eram policiais, e segundo orientação de membros dissidentes da igreja deixamos o caso de lado, pois se foram capazes de nos agredir no meio da multidão, o que não são capazes de fazer conosco na calada da noite? Alguns irmãos do movimento, por medo de alguma represália a seus familiares, desistiram do movimento.
O que nos assusta é fato de uma repórter da Folha de São Paulo presenciar a agressão, isso provado por vídeo disponibilizado no Youtube por uma pessoa que filmou pelo celular, e pelo crachá que ela portava, e depois a própria redação dizer que ela não existia. A partir disso, estamos agora tomando todos os cuidados possíveis, pois percebemos que a Marcha tem de tudo, até intenções nada cristãs na sua liderança. Acredito que agora vão tomar mais cuidado, pois estamos exercendo nossos direitos, e legalmente nada de ilegal estamos fazendo. Se algo mais sério acontecer será mais um processo na lista enorme de irregularidades de certas igrejas. Mas nós também acreditamos na justiça de Deus, que não se compra com bons advogados.
Fico feliz, pois recentemente tive um encontro com o líder da Marcha e agradeci a ele pessoalmente pela agressão sofrida.
Mas nem tudo são derrotas, já conseguimos despertar grupos em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Amazonas, nordeste. Grupos que estão abrindo seus olhos e proclamando o Evangelho puro e simples em suas cidades e igrejas. Pois onde está tendo uma marcha, lá está alguém com a faixa e as camisetas proclamando a volta ao Evangelho puro e simples de Jesus.
Recebemos emails e telefonemas de todos o Brasil e até do exterior em apoio ao nosso movimento. Já tentaram nos enviar ofertas para ajuda do movimento, o que não aceitamos, pois queremos mostrar que os verdadeiros valores da igreja não são movidos pelo dinheiro de quem participa, mas sim pelo amor ao Evangelho e aos que sofrem no mundo.
O que defendemos é uma igreja justa e verdadeira, que assuma sua responsabilidade social, que ame os que sofrem. Que não barganhe a Graça de Deus pelos tesouros desta terra. Que a igreja seja realmente sal e luz para o mundo, e homens e mulheres sejam realmente habitação do Deus altíssimo e encham a terra da Glória de Deus, sem ter que para isso vender suas almas ao deus deste mundo. Combatemos a teologia da prosperidade, pois ela em nada tem a ver com a realidade do nosso país. É uma teologia manipulada por teólogos irresponsáveis e gananciosos vindos principalmente dos EUA, com sua ganância, para deturbar nossa cultura e se aproveitar da imaturidade de nossos líderes e suas igrejas. Muitos são os cegos pela prosperidade, vinda do consumismo desenfreado que congela e endurece os corações, e cega o ser humano para as verdadeiras necessidades e verdades do mundo.
Uma teologia que não se relaciona com a verdade da vida, para nada serve. A prosperidade só traz proveitos para seus proclamadores, que enriquecem aos olhos de todos que, cegos na esperança de prosperar, de igual forma não enxergam as verdades. Essa é nossa luta: abrir os olhos e quebrar as correntes e libertar a muitos desta cegueira espiritual, que é o grande mal dos nossos dias.
Recentemente você e alguns de seus manifestantes, fixaram algumas folhas na porta da igreja Renascer. O que estava escrito nessas folhas e se esse tipo de ato não seria mais algo carnal do que espiritual?
Sim, fomos nós, no dia 31 de outubro, dia da Reforma Protestante, que fixamos a Declaração de Cambridge . Pena que muitos não leram (a igreja brasileira não é estimulada a buscar o conhecimento, que traz a verdade). Eram as bases do protestantismo vinda da Reforma Protestante. Bases que poderiam abrir os olhos de muitos para as verdades sobre a igreja de Cristo no mundo.
Sobre ser espiritual ou carnal, nossos atos são movidos no sentido de que todo misticismo e as meias-verdades de alguns líderes e ministérios caiam por terra. Para isso, nos utilizamos de bases perpétuas, documentos históricos da fé cristã, para mostrar que essas igrejas e suas lideranças não estão de acordo com as verdades bíblicas.
Não falamos de nós mesmos, mas sim daquilo que a Palavra já nos revelou. Como teólogo que sou, tenho total liberdade para expressar minhas críticas e meus pontos de vista a respeito de qualquer forma de fé. Para isso, estudo e continuarei a estudar.
Já publiquei no Youtube minhas opiniões e estou totalmente aberto ao debate, sei que isto vai ser difícil, pois alguns líderes dizem que somos insignificantes. Talvez um dia, quando estivermos aos milhares em nossos protesto, nossos blogs e sites e nossas ideias sejam melhor percebidas.
Em nossos projetos estão muitos outros atos públicos, que vão com certeza chamar a sociedade a refletir sobre a realidade pregada por muitos ministérios.
É preciso lembrar que o próprio Jesus reprimiu a banalização da fé no templo, e eu pergunto: Ele agiu na carne ou foi espiritual?
”E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões”. (Marcos 11:17)
Depois de tantas provas contra o apóstolo Estevam e a bispa Sonia Hernandes, muitos membros e não membros continuam defendendo-os. Como o senhor vê isso?
São frutos das meias-verdades. A fé só tem sentido quando acrescida de racionalidade, fora disso temos o fanatismo fundamentalista de diversas religiões. Para mim, todo ser humano deve ter uma segunda oportunidade, bastaria o casal se dizer arrependido, pois o perdão eles acertariam com Deus. O que fico indignado é que eles vivem como se nada estivesse acontecendo. Todo o mundo está errado, e eles certos. Posso amar alguém de toda forma possível, porém não posso ir contra a verdade e o que é justo.
Tornamo-nos iguais aos que praticam a iniquidade se a eles nos unirmos. Ou seja, são tantos pontos em contradição com a Palavra, que espero que Deus tenha misericórdia e que mais pessoas não sejam prejudicadas com tudo isso. O que dizer da saída do Kaká e sua família, e agora a saída contínua de bispos e pastores? Quantas pessoas mais terão que morrer para que a verdade seja reconhecida?
Tenho acompanhado as notícias e comentários no site da Folha Renascer e vejo que já está acontecendo um mover em prol de uma Reforma em tudo, pois a verdade precisa prevalecer. São tantos processos, denúncias.
O maior cego é aquele que não quer ver. E nesse sentido pode-se chamar de tudo, menos fé, pois a fé tem um sentido. Para mim, esse apoio pode ir de sentimentalismo desequilibrado, patológico, até perda total dos sentidos, dos valores reais da vida. É preciso reequilibrar, ou seja, trazer as coisas ao eixo natural, para que tudo seja tratado de forma sadia, sem sentimentalismo e espiritualidade falsa. É preciso abrir os olhos e assumir as verdades a serem enfrentadas. Vejo que o Ministério Público deixa às claras todos os processos, as denúncias, mas todos fingem não ver. É como Alice no país das maravilhas, tudo é o diabo, tudo é mentira, vamos vencer, os anjos estão conosco, vamos fazer atos proféticos, ir para o monte. É preciso trazer esse povo ao chão e ao planeta terra de volta, antes que seja tarde demais. Que Deus tenha misericórdia e abençoe tudo isso.
Quero deixar claro que nada tenho contra Hernandes e sua família. Em meu encontro com ele, senti que houve simpatia, não me foi agressivo (apesar de estar rodeado de seguranças). Minhas orações são para que ele seja realmente revestido pelo Espírito Santo e seus frutos sejam sentidos. Que ele não se deixe levar pela vaidade e soberba, mas que a simplicidade de Cristo seja sua bandeira.
Só assim, acredito eu, seu ministério será restaurado e seus frutos serão acrescidos da verdade, e não mais será necessário ostentar riquezas deste mundo para mostrar que ele é habitação do Deus altíssimo.
Nota: O Pastor Jecer Goes da Igreja Canaã (Fortaleza-Ceará), em praticamente todos os seus sermões e avisos, também clama por uma reforma na igreja evangélica. Seria interessante uma união de forças?