quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Seitas Primitivas

Durante os anos que vão de 70 a 140, ou seja, I e II século d.C., foram de expansão e crise interna, para o judeu-cristianismo (pensamento cristão sem vínculo com a comunidade judaica), se expressava através de equemas do judaísmo. Os judeus-cristãos foram superados pelos gentios-cristãos. Desse judaísmo cheio de idéias cristãs e não-cristãs, trazidas por pagãos que se convertiam, que iria surgir as mais antigas heresias, conhecidas como heresias judaicas.
Ebionismo:
Os ebionitas (pobres), judeus-cristaos que seguiam a lei de Moisés, mas acreditavam que Jesus Cristo era o Messias, porém achavam que Ele não era o Filho de Deus (apenas um profeta anunciado por Moisés), Os ebionitas subsistiram até o século V, nesse período, dividiu-se em numerosas seitas. O apóstolo João escreveu seu evangelho, refutando essas heresias.
Elcasaísmo:
Fundador Elxai, recebeu revelação por meio de um livro dado por um anjo, lembrando Maomé (Alcorão) e Joseph Smith (Livro de Mórmon). Aceitavam apenas partes do A.T.
Nicolaísmo:
Fundador Nicolau (Balaão), era diácono da igreja, seita gnostico-libertina que apareceu em Éfeso e Pérgamo (Ásia Menor), condenava o Deus da criação.
Cerintianismo:Fundador Cerinto, acreditava que Cristo não nasceu Deus, mas tornou-se Deus no batismo, quando morreu Deus o abandonou, para recebê-lo na sua 2ª vinda, no final dos tempos.
O Montanismo:
Apareceu na Frígia (Ásia Menor), de 150 a 157, movimento intelectualista, organizou-se em comunidades; na Ásia Menor, em Roma e na África do Norte, fundador Montano (sacerdote de Cibele), converteu-se ao cristianismo, julgava-se o instrumento do Espírito Santo prometido por Cristo e precursor de uma nova era, Prisca e Maximila suas profetizas. Chamavam a si mesmos de pneumáticos (inspirados pelo sopro do Espírito). Esta seita, anti-romana, se constituía numa ameaça para a paz entre a cristandade e o estado, foi excomungada pela Igreja, mas subsistiu no Oriente até o século VIII.
Os Antitrinitários:
Teófilo de Antioquia, escritor cristão, em 180 a.C., começa aparecer em seus escritos a palavra “tríade” ou “trindade” (um só Deus em três pessoas), que serviu para explicar o dogma cristão da Santíssima Trindade.
Logo surgem os opositores, como o adocionismo, de Teodoto de Bizâncio (rejeitava a Trindade, negava a divindade de Cristo e a encarnação do Verbo), foi condenado pelo papa Vítor I (189-199); em 190 d.C. surgiu outra heresia, iniciada por Noet, que Praxéias e Sabélio, desenvolveram, recebendo o nome de sabelianismo ou monarquismo ou modalistas (para eles o Pai, o Filho e o Espírito Santo, eram apenas três títulos diferentes e não pessoas); assim sendo, o Pai se encarnou na virgem, nascido tomou o nome de Filho, sem deixar de ser o Pai, logo foi o Pai quem morreu na cruz.
O Maniqueísmo:
Tipo de gnosticismo que começou na Pérsia, na 1ª metade do século III, fundador; Manés (Manion Maniqueu – 215/276), da Babilônia, morreu esfolado porque não curou um filho do rei Behram.
Para Manés, que seguia os ensinos de Zoroastro (Zaratustra), há dois reinos eternos : o da luz, em que domina Deus (Ormuzde ou Ahura Mazda), e o das trevas, domínio de Satã (Ahrimã ou Anrô Mainiu). O homem preso por Satã, luta para se libertar das trevas e ir para a luz, liberdade que se alcança por meio de uma vida austera, compreendendo três selos, (mortificações) : o selo da boca (jejum), o selo da mão (abstenção do trabalho) e o selo do ventre (castidade).
Existia duas classes : os eleitos (monges) e os ouvintes ou auditores (fiéis); com uma hierarquia de doutores, administradores, presbíteros, diáconos e missionários, rejeitaram o A.T. e expurgaram do N.T. as interpolações judaicas, para adaptar a Escritura aos fins de sua seita.
Santo Agostinho, foi conquistado por essa seita, um famoso discípulo de Manés foi Madek (século VI d.C.), que acreditava que o mal do mundo tinha sua causa no desejo de posse da fortuna e das mulheres.
Combatida pela Igreja e pelo estado, estendeu-se da África do Norte à China, até a idade média (século XII), surgindo então como doutrina albigense (catarismo).
O Donatismo:
No ocidente, a partir de 312 d.C., houve um cisma na Igreja, quando surgiu os donatistas. Lucília mulher repreendida por Ceciliano arcebispo de Cartago, porque tinha o costume de beijar um osso (relíquia de algum santo) antes de comungar; por vingança, com sua riqueza e prestígio, organizou um grupo que era contra a eleição de Ceciliano, esse grupo dizia que o bispo Félix de Aptonge, era um traidor da Igreja, sendo um traidor não poderia consagrar Ceciliano.
Chefe do grupo, era o bispo Donato, com seu principal, teólogo, outro Donato, daí o nome donatistas, tiveram até tropas de choque (os soldados de Cristo), chamadas pelos católicos de “vagabundos” (circumcelliones).
Doutrina donatista: quem peca não pertence mais a Igreja, fora da Igreja não há sacramento, queriam expulsar bispos e padres pecadores, bem como seus fiéis. Condenada nos concílios de Latrão, em 313, e de Arle, em 314, os donatistas tiveram nos imperadores, seus maiores inimigos, no século V, o grande adversário foi Santo Agostinho, bispo de Hipona.
Através do Concílio de Cartago (411) estabeleceu-se que “não se sai da Igreja pelo pecado mas somente pela apostasia da fé”.
O Priscilianismo:
Na Espanha, Prisciliano, bispo de Ávila, divulga os ensinos gnósticos e maniqueus, introduzidos pelo monge egípcio Marcos. Em 380, Prisciliano e os seus, foram expulsos e executados pelo imperador Máximo. Porém somente no Concílio de Braga, em 565, é que essa heresia foi condenada.
O Pelagianismo:
Em reação aos gnósticos e maniqueus, surge o pelagianismo que se tornou uma grave heresia, divulgador Pelágio nasceu em 354 na Inglaterra, moralista e intransigente, dizia que não se precisava da graça para salvação, bastando somente a vontade individual, não existia o pecado original, era contra o batismo, contra a remissão dos pecados, acreditava que se não há pecado original, não há necessidade de redenção, logo Jesus Cristo é inútil.
Santo Agostinho, dizia : todos os homens pecaram em Adão, nascem com o pecado original e estão enfraquecidos por ele, mas conservam o livre-arbítrio, portanto é necessário o batismo para reaver a graça.
Concílio de Cartago, em 411, condenou o pelagianismo, no Oriente foi declarado ortodoxo, nos concílios de Jerusalém e de Diospolis em 415. Em 431, no Concílio Ecumênico de Éfeso, foi condenado.
As questões do pelagianismo são graves do ponto de vista teológico, dando origem a grandes controvérsias que talvez nunca tenham fim.

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